O deputado Ronivon Santiago (PP-AC) afirmou há pouco, na CPI do Mensalão, que os R$ 700 mil recebidos por ele das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto operador do mensalão, serviram para pagar honorários advocatícios. O dinheiro foi sacado em 2003 pelo chefe de gabinete do PP na Câmara, João Cláudio Genu, em conta no Banco Rural da SMP&B, uma das agências de publicidade de Valério, e depois repassado a Ronivon.
O deputado do PP acreano negou ter recebido “mensalão” e disse que todo o dinheiro foi parar na conta do advogado Paulo Goyaz, responsável por sua defesa em 36 ações judiciais movidas pelo PT do Acre. Segundo o presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), independentemente de como os recursos foram gastos, o fato de o progressista ter utilizado dinheiro das contas de Valério já o coloca em situação complicada. “Mesmo que seja para pagar advogado, há a utilização de recursos ilícitos, o que pode classificar crime”, afirmou Lando. Ronivon argumentou que não conhecia a procedência dos recursos. “Se eu soubesse, não teria aceitado. Preferia ter perdido o mandato”, ponderou.
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Em outro momento do interrogatório, o deputado acreano foi questionado a respeito de uma gravação na qual é flagrado afirmando ter recebido dinheiro para votar a favor da emenda da reeleição em 1997. A proposta beneficiou o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que acabou eleito para um segundo mandato no ano seguinte. O laudo da perícia técnica atestou que a voz registrada na fita é mesmo a de Ronivon. O parlamentar, porém, alega que a gravação foi montada. “Eu nunca neguei que a voz da fita era minha. Mas só é possível saber o que eu falei se analisarmos integralmente o teor do que foi dito”, defendeu-se.