Edson Sardinha
A pré-candidata do PT à Presidência, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, responsabilizou hoje (5) o ex-governador de São Paulo José Serra, pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial, pelo apagão do setor elétrico no governo Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Dilma, o racionamento de energia elétrica ocorrido em 2001 foi provocado por falta de planejamento do governo anterior. Serra foi ministro do Planejamento entre 1995 e 1996, na primeira gestão tucana. Em entrevista exclusiva à Rádio Jovem Pan, a petista ressaltou que a escassez de energia não ocorre da noite para o dia. Na época do apagão, o paulista era ministro da Saúde.
“Eu acredito que houve um problema seríssimo naquela circunstância. Entre 2000 e 2002, o Brasil ficou sem energia, não estou falando de linha de transmissão, estou falando de quantidade de energia. O racionamento de oito meses ocorreu. Não acontece de um dia para o outro, acontece porque você não planeja. O planejamento falhou. Foi uma falha sistemática. O governo inteiro é responsável e os ministérios do Planejamento e Minas e Energia”, disse a ex-ministra da Casa Civil, que também comandou o Ministério de Minas e Energia no primeiro governo Lula.
Ouça a entrevista de Dilma à Jovem Pan
Ocorrida na metade final do segundo mandato de FHC, a crise do apagão elétrico foi uma das mais graves da gestão tucana. O governo determinou, na época, o racionamento para enfrentar baixas no fornecimento e na distribuição de energia. O problema foi causado pela falta de chuvas, que deixou várias represas vazias, e pela falta de planejamento e investimentos em geração de energia.
Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgada no ano passado mostrou que o apagão elétrico de 2001 custou R$ 45,2 bilhões, valor atualizado pelo IGP-M. Cerca de 60% desses custos foram pagos pelo consumidor, por meio de reajustes tarifários. O restante ficou por conta do Tesouro Nacional.
Vice peemedebista
Ainda na entrevista à Jovem Pan, a pré-candidata do PT evitou entrar em polêmica ao comentar uma possível preferência pelo nome do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, como vice em sua chapa. Após conversar com o presidente Lula, Meirelles decidiu se manter à frente do BC e não concorrer a qualquer cargo. “É natural que haja um processo de diálogo. Nem acredito que o PMDB não fará esse processo, mas tenho certeza que o PMDB indicará o melhor nome”, afirmou Dilma.
A ex-ministra fez elogios ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), cotado para ser seu vice, mas voltou a destacar que a responsabilidade da indicação para a vaga é do PMDB. “É natural que haja um processo de diálogo, nem acredito que o PMDB não fará esse processo”, afirmou. “Temer, sem sombra de dúvida, é um paulista respeitado, tem todas as qualidades para pleitear o posto”, acrescentou.
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