Para Dilma, os pedidos feitos por adversários para ela renunciar é uma reforma de reconhecer que não existe base para um processo de impeachment. Na próxima semana a Câmara deve retomar a discussão da formação da comissão especial que analisará a denúncia apresentada no ano passado. O rito previsto inicialmente acabou modificado por força de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“[Pedir minha renúncia] é reconhecer que não existe base para o impeachment”, afirmou. Além de rejeitar a possibilidade de deixar o cargo, ela negou que esteja “resignada” com um suposto fim do seu governo antes de 2018. A declaração foi uma resposta à coluna da jornalista Mônica Bergamo no jornal Folha de S. Paulo hoje. De acordo com Mônica, a presidente “reage com resignação” ao diagnóstico que seu mandato pode não chegar ao final.
Durante a coletiva, a presidente chegou a cometer um ato falho. “Pelo respeito que eu tenho ao povo brasileiro, eu me renuncio”, afirmou. No entanto, Dilma queria dizer que não se resignaria e não lutaria para manter o cargo. “Vocês acham que eu tenho cara de estar resignada? Vocês acham que eu tenho gênio para me resignar e renunciar?”, disse.
Delação
A presidente também criticou, durante a entrevista coletiva, o que qualificou como “vazamentos seletivos” de partes da investigação feita pelo grupo da Operação Lava-Jato. Em especial, de trechos da delação feita pelo senador Delcídio do Amaral, que ainda não foi homologada pelo STF. “Por que vazaram de 400 páginas, vazaram só páginas que diziam respeito a mim?”, questionou. “É preciso mais seriedade.”
Prisão preventiva
“O governo repudia, em gênero, número e grau, esse ato praticado contra o presidente Lula”, disse Dilma. Para ela, o pedido do Ministério Público paulista passa do “bom senso”. Os promotores responsáveis pela investigação, Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Moraes de Araújo assinaram denúncia contra o ex-presidente e apresentaram à Justiça na quarta-feira (9). Segundo ela, o ato foi “um absurdo” sem motivação jurídica.
Nela, pedem a prisão preventiva de Lula por considerar que ele é um risco de fuga. Por isso, voltaram as conversas para que Lula assuma um ministério do governo Dilma. Questionada sobre isso, a ex-presidente disse que não comenta a formação do seu primeiro escalão. “Teria grande orgulho de ter ele no meu governo. Mas não vou discutir essa questão com vocês, se ele vai ser, se não vai ser”, afirmou.