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“Se em 1996, 1997 tivessem investigado e tivessem, naquele momento, punido, não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou quase 20 anos praticando atos de corrupção. A impunidade – isso eu disse em toda a minha campanha – leva a água para o moinho da corrupção”, disse Dilma, após cerimônia de entrega de credenciais para novos embaixadores no Brasil.
Criticando a impunidade em gestões passadas, no mesmo tom do que fez durante a campanha eleitoral pela reeleição, Dilma disse que em seu governo os responsáveis pelos desvios serão punidos “dentro da legalidade”. “O governo fará tudo dentro da legalidade. Isso não significa, de maneira alguma, ser conivente, apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja, doa a quem doer”, acrescentou a petista.
As declarações de Dilma tiveram pronta reação por parte dos tucanos. Em rara aparição no Senado em uma sexta-feira (20), o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (PSDB-MG), disse que seu partido não teme investigações. Para o parlamentar mineiro, a corrupção na Petrobras serve a um “projeto de poder” do PT.
“A presidente reaparece parecendo querer zombar da inteligência dos brasileiros ao atribuir o maior escândalo de corrupção da nossa história, patrocinado pelo governo do PT, a um governo de 15 anos atrás. Parece que a presidente volta a viver no país da fantasia, que conduziu sua campanha e que tanta decepção trouxe, inclusive aos seus eleitores”, rebateu o senador tucano.
Já o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, o alvo das críticas de Dilma, disse que a “excelentíssima presidente” tenta se eximir da responsabilidade pela situação da estatal, repassando-a para terceiros. Para FHC, a maioria dos funcionários da petrolífera não pode ser prejudicada pelo que ele chama de aparelhamento partidário.
Publicidade“A excelentíssima presidente da República deveria ter mais cuidado e, em vez tentar encobrir suas responsabilidades jogando-as em mim, que nada tenho a ver com o caso, fazer um exame de consciência e assumir que pelo menos foi descuidada ao não recusar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor”, emendou FHC, por meio de nota.
“Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da empresa e ministra de Minas e Energia) e do ex- presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de se conluiarem com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, com o propósito de desviarem recursos em benefício próprio ou partidário”, acrescentou o tucano.
Confira a nota divulgado pelo Instituto FHC:
“Até agora, salvo lamentar o caráter de tsunami que a corrupção tomou no caso do ‘Petrolão’, não adiantei opiniões sobre culpados ou responsáveis, à espera do resultado das investigações e da Justiça. Uma vez que a própria Presidenta entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando a tática infamante da velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vitima, rouba e sai gritando “pega ladrão!” , sou forçado a reagir:
1. O delator a quem a Presidente se referiu foi explícito em suas declaraçoes à Justiça. Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor; somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática. Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?
2. do mesmo modo, a delação do empreiteiro da Setal Engenharia reafirma que o cartel só se efetivou a partir do governo Lula.
3. no caso do Petrolão não se trata de desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras, nem são eles, empregados, em sua maioria, os responsáveis. Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da Presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da empresa e Ministro de Minas e Energia) e do ex- presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de se conluiarem com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, com o propósito de desviarem recursos em benefício próprio ou partidários.
4. Diante disso, a Excelentíssima Presidente da República deveria ter mais cuidado e, em vez tentar encobrir suas responsabilidades jogando-as em mim, que nada tenho a ver com o caso, fazer um exame de consciência e assumir que pelo menos foi descuidada ao não recusar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor.”