“Temos uma investigação que está envolvendo toda a Polícia Federal do país, envolvendo o Ministério Público Federal, envolvendo a Procuradoria-Geral da República para descobrir até o fundo o que ocorreu dentro da Petrobras. Não era pura e simplesmente uma questão de gestão. Não há nenhuma evidência do envolvimento dos dois presidentes”, disse, referindo-se a Sergio Grabrielli e sua sucessora, Maria das Graças Foster. “Nenhum de nós sequer viu um sinal [de corrupção]. Quem descobre os sinais foi uma investigação de crime de lavagem de dinheiro e de manipulação de reserva, e não investigando a Petrobras”, completou Dilma, sem citar o envolvimento de políticos no esquema e dizendo que ele se resumiu a formação de cartel e corrupção de funcionários.
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Depois de responder à pergunta sobre seu nível de conhecimento a respeito da corrupção na estatal, Dilma passou a ressaltar os avanços que a gestão petista promoveu no combate à corrupção e no fortalecimento das instituições. “Pela primeira vez foi aprovada uma lei que pune o corruptor e o corrupto. Pela primeira vez, por iniciativa do governo, haverá uma lei que pune o caixa dois de campanha. Nós estamos criminalizando [a prática]”, completou Dilma, para quem a Polícia Federal e o Ministério Público ganharam autonomia no últimos anos. “Criaram-se no Brasil as condições para que o país avance em direção a um reforço constitucional.”
Em uma hora de entrevista, Dilma fala sobre a política de preços da Petrobras, comenta o momento delicado da economia nacional e analisa a situação do câmbio brasileiro em tempos de alta do dólar. Mas, percebendo o avanço dos repórteres sobre os próximos passos da petrolífera, a petista recuou em determinado ponto das indagações. “Eu não vou dar opinião sobre os preços da Petrobras”, avisou.
Obama
No início da entrevista, o repórter pede desculpas a Dilma por não estar apto a falar português e cita o encontro que Dilma terá com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na Cidade do Panamá às vésperas da Cúpula das Américas (10 e 11 de abril). Ele aproveita para perguntar se a relação com aquele país é, de fato, “uma prioridade” para o Brasil, e lembra a turbulência entre as duas nações durante o episódio do WikiLeaks, quando descobriu-se que aquele país investigou Dilma e diversos outros chefes de Estado.
Para Dilma, será “uma reunião muito importante”, uma vez que reunirá todos os chefes de Estado do continente e terá um “aspecto de afirmação da democracia muito forte”. A presidenta lembra que o evento ocorre em uma época de reaproximação entre EUA e Cuba, quando há em curso negociações para a derrubada do bloqueio econômico ao governo cubano.“Vou ter uma conversa bilateral com o presidente Barack Obama. Nós nunca deixamos de dar importância à relação com os Estados Unidos”, disse Dilma, com a ressalva de que isso não impede outras alianças. Ela lembra que, nas últimas décadas, o Brasil reforçou seu enfoque na América Latina. “No mundo, hoje, nós sempre vamos buscar o multilateralismo. Não achamos que uma relação com um país se dá em detrimento da relação com outro.”
Em seu site, a Bloomberg registra: “Dilma luta para reconquistar a confiança dos eleitores e investidores globais enquanto a economia desacelera e denúncias de corrupção se aprofundam”.