A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou a negar a existência de qualquer dossiê com informações sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e familiares. Em depoimento à Comissão de Infra-Estrutura, do Senado, Dilma disse que nunca houve contradição no posicionamento do governo em relação ao assunto.
“Não há dossiê. Há banco de dados. Vou continuar reiterando isso”, declarou, ao responder a uma pergunta do senador Mário Couto (PSDB-PA), o primeiro a questioná-la sobre o assunto após a exposição feita por ela sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A ministra disse que tem total interesse em esclarecer quem vazou os dados do ex-presidente porque se considera, até agora, a maior vítima desse caso. “Me considero a maior vítima desse processo”, afirmou.
De acordo com a ministra, o vazamento dessas informações lembra a ditadura. “Telefonei inclusive para a D. Ruth, por quem tenho muito respeito, porque acredito que esse processo de vazamento não se compadece com o período de democracia, mas da ditadura”, declarou.
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Segundo a ministra, o banco de dados faz parte do chamado Sistema de Controle de Suprimento de Fundos (Suprim), que teria sido criado a pedido do Tribunal de Contas da União (TCU) em função da dificuldade do órgão em levantar despesas feitas antes da implantação dos cartões corporativos.
“São todos os dados relativos a cartão corporativo e suprimento de fundos. Consideramos que foram vazadas informações privativas da Casa Civil”, afirmou. Dilma disse que a preocupação do governo em esclarecer o episódio pode ser medida pela sindicância da Casa Civil e pelas investigações da Polícia Federal.
Crime de responsabilidade
Dilma sustentou que o Senado tinha conhecimento da formação desse banco de dados, já que ele teria começado a ser constituído após envio à Casa Civil de requerimento proposto pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), no qual ele solicitava informações sobre gastos dos ministros do governo FHC.
Virgílio disse não estar convencido das explicações da ministra e que acredita que houve um crime de responsabilidade por causa do vazamento das informações. “Porque, se prepararam os dados a meu pedido, deixo bem claro que a primeira pessoa a receber esses dados seria eu próprio, o senador que fez o requerimento”, afirmou. “Para mim, houve crime de responsabilidade”, completou.
Antes de falar sobre o dossiê, Dilma fez uma longa explanação sobre o andamento das obras do PAC. Ao todo, 36 dos 81 senadores se inscreveram para fazer questionamentos à ministra durante a audiência na Comissão de Infra-Estrutura. (Edson Sardinha e Renata Camargo)
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