O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, voltou a pedir desculpas à presidenta Dilma Rousseff por suas declarações na última terça-feira (8), quando disse que só sairia do ministério “abatido à bala”. “Eu gosto de fazer o debate, às vezes exagero. Peço desculpas públicas. Presidente Dilma, me desculpe, eu te amo”, disse. “Eu exagerei, a gente está sob muita pressão. Foi um momento infeliz”, completou. Segundo o jornal O Globo de hoje, as declarações irritaram o Palácio do Planalto, que exigiu uma retratação e praticamente selou sua saída na reforma ministerial, no início do próximo ano.
Leia também
Lupi participa de audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara desde as 10h. O ministro negou veementemente que seu ex-chefe de gabinete Marcelo Panella esteja envolvido em irregularidades na pasta. Ao comentar que eles se conhecem há 25 anos, Lupi disse que não existe “título mais importante que a lealdade”. Por conta disso, aposta seu cargo na inocência do ex-subordinado. “Não tem possibilidade de o Marcelo estar envolvido em irregularidades”, afirmou.
A reunião desta manhã foi motivada por reportagem da revista Veja desta semana. De acordo com a semanal, caciques do PDT comandados por Lupi transformaram órgãos de controle da pasta em instrumento de extorsão. Segundo a revista, o ministério contrata entidades para dar cursos de capacitação profissional, e depois assessores exigem propina de 5% a 15% para resolver ‘pendências’ que eles mesmos criariam.
De acordo com Veja, Marcelo Panella, ex-chefe de gabinete de Carlos Lupi e tesoureiro do PDT, estaria à frente do esquema. Panella nega as acusações. “Coloco minha função, minha vida por ele”, declarou Lupi. O ministro do Trabalho informou que os convênios são fiscalizados simultaneamente pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela pasta. Segundo Lupi, cada contrato tem sua regra própria e seu acompanhamento.
“Se alguém fez algo no Ministério do Trabalho, é individual e que pague”, afirmou, negando as denúncias veiculadas recentemente. No início da audiência, Lupi criticou a imprensa e as matérias divulgadas, qualificando as reportagens como “vazias”. “Apareça a prova, apresente-se quem levou dinheiro. Eu não compactuo com a corrupção. Quero corruptor e corrupto na cadeia”, disse.
Bancada
PublicidadeA audiência de Lupi, que ainda não terminou, é acompanhada pelos principais líderes governistas na Câmara. Além de uma parte da bancada pedetista, estão presentes os líderes do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), do PT, Paulo Teixeira (SP), e do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). Entre os pedetistas, estavam os deputados Paulinho da Força (SP), Brizola Neto (RJ) e Paulo Rubem Santiago (PE).
Já os parlamentares que foram até o Ministério Público Federal (MPF) pedir investigações, como Reguffe (PDT-DF) e Miro Teixeira (PDT-RJ), não compareceram. Eles foram alvos de críticas de parlamentares que participaram da sessão, assim como a imprensa. “Quando o ministro Orlando esteve aqui, o PCdoB inteirinho compareceu para dar apoio. Cadê o seu partido?”, questionou o deputado Silvio Costa (PTB-PE), fazendo referência ao ex-ministro do Esporte Orlando Silva.
Brizola Neto contemporizou a ausência dos colegas, dizendo que eles mudaram de posição e agora apoiam o ministro do Trabalho. O deputado fluminense preferiu criticar a imprensa. Segundo ele, o “fato mais importante de ontem” foi a declaração do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O PGR afirmou que, inicialmente, as denúncias não atingem Lupi. “Só foi dada em pé de página. A informação foi sonegada da sociedade”, disse Brizola Neto, afirmando que a imprensa promove um “tribunal de inquisição” contra o ministro. “As denúncias têm o objetivo de macular o partido e o governo a presidenta Dilma.”
Matéria atualizada às 13h20