O projeto estipula as regras gerais para o setor. Eleva para até 4% sobre a renda bruta das atividades a compensação financeira pela exploração de recursos mineiros, os royalties pagos pelas mineradoras para explorar jazidas. Caberá ao Congresso definir a alíquota a ser cobrada por cada tipo de minério.
A proposta deve trazer de volta ao Congresso o clima belicoso da votação dos royalties do petróleo, que dividiu estados produtores e não produtores. O projeto do governo, desta vez, não entra no mérito da partilha dos recursos. Mas deve acirrar a disputa entre estados produtores de minério, como Minas Gerais e Pará, e aqueles que são porta de saída para o exterior, como Maranhão, Espírito Santo e Rio de Janeiro, que querem compensação por danos causados pela atividade mineradora por serem “corredores logísticos”.
Leia também
Pela proposição, os royalties serão distribuídos da seguinte maneira entre os entes federativos produtores: 65% para municípios, 23% para estados e 12% para a União. O título das novas concessões será único para pesquisa e lavra. A empresa terá 40 anos, prorrogáveis indefinidamente por novos períodos de 20 anos. A renovação do contrato será condicionada ao ritmo da exploração.
“Importância histórica”
O objetivo, segundo Dilma, é criar um ambiente favorável aos investimentos e à competitividade. Também serão definidas as regras para concessões e cumprimento de contratos. O governo pretende, ainda, melhorar os mecanismos de arrecadação e simplificar a base de cálculo. “Sem sombra de dúvida, esse ato tem importância histórica para o povo brasileiro. A regulamentação vai permitir um grande avanço em mais um setor estratégico da economia”, afirmou a presidenta em seu discurso. Segundo ela, o avanço no setor será medido em mais competitividade para os negócios e maior retorno para a sociedade.
Dilma ressaltou que o setor de mineração é um dos mais importantes para o crescimento do país, mas, a despeito dessa condição, o setor ainda “convive com uma regulamentação frágil e burocrática”. Para ela, as novas regras permitirão que os problemas sejam enfrentados com “transparência e determinação”. “Estamos criando condições para que a pesquisa, exploração e comercialização se torne uma atividade mais eficiente, rentável e competitiva. […] Nosso objetivo é criar um marco favorável aos negócios, mas com ganhos para a sociedade, trabalhadores e meio ambiente”, disse.
Nova agência
De acordo com o projeto, o Conselho Nacional de Política Mineral fará assessoria para a Presidência na formulação de políticas para o setor mineral e terá a missão de fortalecer a participação da mineração na economia, hoje responsável por 4% do PIB e 23,5% das exportações. Já a Agência Nacional de Mineração será responsável pela regulação, gestão das informações e fiscalização. Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ela funcionará com autonomia administrativa e financeira e processo decisório colegiado.
Antes do anúncio das novas medidas, diversos deputados foram convocados para conversar com Lobão e a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Durante o anúncio das medidas, a presidenta Dilma Rousseff ressaltou que espera do Congresso a responsabilidade de votar a medida considerando a urgência da proposta. “Estou certa que essa urgência será considerada pelo Congresso por causa da importância do setor”, disse.
Projeto de lei
Edison Lobão ressaltou que cerca de 25% de todas as exportações do país dependem do setor de minérios. “O Brasil é um grande produtor de minerais. Trata-se de uma atividade que atinge a plenitude de seus resultados a longo prazo. O novo marco legal permitirá melhorar o setor e o uso dos recursos minerais”, afirmou na cerimônia.
O governo optou por enviar um projeto único com urgência para o Congresso em vez de editar uma medida provisória para tratar do assunto. Deputados avaliaram que a iniciativa de mandar a proposta por meio de projeto de lei representa um gesto de atenção do governo com o Congresso. Em maio, o governo sofreu grandes desgastes para aprovar a MP dos Portos na Câmara.