A presidente Dilma Rousseff afirmou, nesta sexta-feira (13), que não vão intimidá-la os palavrões que ela e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ouviram ontem no jogo entre Brasil e Croácia, em São Paulo, na abertura da Copa do Mundo. De maneira velada, ela afirmou já ter suportado até as torturas no período da ditadura militar. “Passei por situações do mais alto grau de dificuldade, ao mais alto grau de limite físico; não suportei agressões verbais, mas físicas, quase insuportáveis, e nada me tirou do meu rumo”, afirmou Dilma, em inauguração de um corredor exclusivo de ônibus (BRT) em Brasília, hoje. “Não serão xingamentos que vão me intimidar e atemorizar. Eu não me abato e nem abaterei.”
A plateia chegou a interromper a presidente com um coro pela reeleição. “Um, dois, três, é Dilma outra vez”, repetiam.
A presidente criticou os autores dos xingamentos. Ontem, antes e durante o jogo, torcedores no estádio Itaquerão gritavam “Ei, Dilma, vai tomar no c…” e “Ei, Fifa, vai tomar no c…”. A presidente disse que as palavras ditas “não podem ser sequer ser escutadas pelas crianças e famílias”. E afirmou que a maioria dos brasileiros é educada e não tem esse pensamento sobre ela.
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“O povo brasileiro não age assim, não pensa assim, não sente da forma como esses xingamentos expressam. O povo brasileiro é civilizado, extremamente generoso e educado. Podem contar que isso não me enfraquece”, afirmou ela, ao final de seu discurso, na inauguração de um trecho do BRT Expresso DF, na região sul da capital federal.
Pessimistas
No discurso, a presidente criticou novamente os “pessimistas”, lembrando que eles também “azararam” a construção de Brasília e o sonho do então presidente Juscelino Kubistcheck. Ela usou a virada do Brasil contra a Croácia, no jogo que terminou em 3 a 1 para a seleção, como exemplo de superação dos brasileiros.
PublicidadeEla disse que os desafios da organização da Copa foram mais difíceis que os palavrões ouvidos ontem. “Não vai ser agora, depois de vencer o mais difícil, depois de superar esses desafios – uma revista disse que o estádio [de Brasília] ficaria pronto em 2021… depois de tudo isso, não vou me deixar perturbar por agressões verbais.”
Passado
Dilma ainda comparou as ações de seu governo e o do ex-presidente Lula com “o passado”, numa referência indireta aos governos do PSDB, do presidenciável Aécio Neves. “Ninguém do governo federal investiu em transporte coletivo. Achavam que era coisa do governador e do prefeito. O governo federal pegava uma boa quantidade de água e lavava as mãos”. Também criticou os que chamam os aeroportos de rodoviárias, como o de Brasília.
“Tem gente que não gostou não. É a maior e mais bonita rodoviária do Brasil”, disse ela. A presidente ainda alfinetou indiretamente o presidenciável Eduardo Campos (PSB), que tenta se isolar da disputa “do passado” do PSDB contra o presente do PT com uma discussão sobre o futuro do Brasil. disse que só é possível acreditar “no futuro”. “A gente sempre acredita no futuro quando a gente sabe que no presente as coisas aconteceram”.
Dilma inaugura obra inacabada do BRT em Brasília
“Aguinaldo”
No discurso, Dilma chamou de “Aguinaldo” o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Quando ficar totalmente pronto, o BRT ligará as cidades de Santa Maria e Gama à Rodoviária do Plano Piloto de Brasília. Dilma ficou em dúvida sobre qual a cidade estava mais longe, se o Gama ou Santa Maria. A presidente ainda chamou de “Assembleia” a Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Ela disse ser preciso estender a obra até o Entorno de Brasília, região com 22 municípios de Goiás e Minas Gerais. “Aqui é uma coisa contínua, Goiás e Disttrito Federal. Não custa nada a gente estender esse BRT até Luziânia [em Goiás, a 60 km da capital]”, afirmou Dilma.