Um documento oficial da Petrobras põe em xeque discurso adotado nos últimos dias pela presidenta da República Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, sobre as circunstâncias em que Paulo Roberto Costa deixou o cargo de diretor da estatal. Ela sustenta que, em 2012, demitiu Costa, alvo da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal (PF). No entanto, de acordo com o jornal O Globo, ata da reunião em que foi escolhido o sucessor de Costa aponta uma versão diferente.
Na ata, segundo o jornal, o conselho de administração da Petrobras registrou que Paulo Roberto Costa renunciou ao cargo de diretor. Ainda na reunião, ocorrida em maio de 2012, o colegiado, presidido ministro da Fazenda Guido Mantega, fez elogios à atuação de Costa.
“O presidente do conselho de administração, Guido Mantega, em face da renúncia do diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, submeteu o nome do senhor José Carlos Cosenza, indicado pela presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, para substituí-lo. Outrossim, determinou o registro dos agradecimentos do colegiado ao diretor que deixa o cargo, pelos relevantes serviços prestados à companhia no desempenho de suas funções”, diz a ata.
Leia também
Em depoimentos prestados mediante acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público Federal e já homologado pela Justiça, Paulo Roberto Costa relatou o envolvimento de empreiteiras em esquema de corrupção na Petrobras e indicou partidos e políticos beneficiados pelo pagamento de propina a partir de contratos com a estatal.
A coordenação da campanha da petista informou ao Globo que a decisão de demitir Paulo Roberto Costa da direção da Petrobras foi da presidenta da República. A assessoria enviou ao jornal trecho do depoimento do ex-diretor à CPI da Petrobras no Senado em que ele confirmaria a versão de Dilma sobre a demissão. A Operação Lava Jato foi deflagrada em março último para desbaratar esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.