A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou, no final da manhã de hoje (4), que são "falsas" as acusações da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu. “O governo não participou da venda Varig. O governo não decidiu”, declarou Dilma, irritada, após a insistência dos jornalistas em questioná-la, durante o balanço do PAC. “As declarações feitas pela Denise Abreu são falsas.”
Na reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, Denise Abreu acusa Dilma de pressionar a diretoria a tomar decisões favoráveis à venda da VarigLog e da Varig ao fundo americano Matlin Patterson e aos três sócios brasileiros.
Denise conta que, durante o processo de negociações, Dilma não permitiu que ela exigisse dos compradores documentos que comprovassem que o dinheiro da compra era 80% nacional. A lei só permite que os estrangeiros tenham 20% das companhias aéreas. “Dizia que era da alçada do Banco Central e da Receita e falou que era muito difícil fazer qualquer tipo de análise tentando estudar o Imposto de Renda porque era muito comum as pessoas sonegarem no Brasil”, afirmou Denise ao Estadão.
Dilma afirmou estranhar as queixas da ex-diretora, que deixou o governo no ano passado. “Até estranho as declarações por conta da relação qualificada e consideração dela na Casa Civil”, comentou a ministra.
Ele afirmou que governo teve preocupação com a falência da Varig e com a descontinuidade do serviço à população, mas negou interferência do Planalto na decisão de compra da empresa. Dilma ressaltou que houve um processo judicial de falência, que fechou o nome do comprador da companhia aérea.
“Consideramos falsas essas declarações e achamos que têm que ser respondidas no âmbito da Anac e do processo de falência”, disse Dilma. “Esse processo de falência judicial era público e notório no momento do relato das ocorrências. Acho bom vocês [jornalistas] levantarem as duas coisas e ver como foram dadas essas questões.”
Advogado
As denúncias envolvem também o advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Lula. Segundo o sócio afastado da Varig, Marcos Audi, ele disse ter influência sobre a ministra e o presidente Lula. Ele afirma ter pago 5 milhões de dólares para o advogado conseguir
Irritada, a ministra Dilma não quis falar sobre o envolvimento de Teixeira. Dilma afirmou que o único esclarecimento a dar seria sobre as falsas acusações contra ela.
“Agora eu vou pedir, por favor, eu não vou responder sobre essas questões. Eu estou vindo aqui responder sobre o PAC. Além de dizer que as declarações são falsas, não tem mais nenhum esclarecimento a dar”, objetou ela.
Pós-charuto
Auxiliares de Dilma também desqualificaram as denúncias de Denise. Fizeram piada com o fato de ela ter sido flagrada na Bahia fumando charuto no auge da crise aérea. “Agora o charuto cai e as denúncias vêm à tona?”
O ministro da Secretaria de Comunicação, Franklin Martins, afirmou que o governo não vai se pronunciar oficialmente sobre as acusações de Denise. Segundo ele, foi a Justiça quem autorizou a venda da Varig e não existe influência de Roberto Teixeira no governo, mesmo sendo amigo do presidente Lula. (Eduardo Militão e Renata Camargo)
Atualizada às 13h14
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