A presidente Dilma Rousseff cortou ministérios que, durante a campanha eleitoral do ano passado, classificou como “essenciais” e que, segundo a petista, seriam eliminados por seus principais adversários – Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) – caso eles a derrotassem. Em ato de campanha no Rio, em setembro do ano passado, Dilma afirmou que Marina e Aécio pretendiam acabar com as secretarias da Igualdade Racial, de Direitos Humanos, das Mulheres e da Micro e Pequena Empresa. Dias antes, em outro ato de campanha em São Paulo, ela afirmou que era uma “cegueira tecnocrática” não ver a importância da manutenção do status de ministérios para essas pastas.
Na reforma ministerial anunciada nessa sexta-feira (2), os três primeiros deixaram de existir isoladamente. Atuarão agora reunidos no recém-criado Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, que será conduzido por Nilma Lino. Já a pasta que atuava na defesa das micro e pequenas empresas foi incorporada à nova Secretaria de Governo, sucessora da extinta Secretaria-Geral da Presidência, que ficará a cargo de Ricardo Berzoini (PT), ex-ministro das Comunicações.
Há um ano, Dilma classificou como um “verdadeiro escândalo” o que agora chama de medida necessária para tornar “mais eficiente” o gasto público. Em 15 de setembro de 2014, quando caminhava para a reta final do primeiro turno, Dilma rechaçou qualquer possibilidade de enxugar a Esplanada dos Ministérios, como defendiam seus principais adversários. Ela acusou seus opositores de tentarem enfraquecer importantes áreas sociais do governo.
“Tem gente, inclusive, querendo reduzir ministérios. Vocês podem saber os ministérios que eles querem reduzir. Um deles é o da Igualdade Racial, o outro é o que luta em defesa da mulher. O outro é de Direitos Humanos. E tem um ministério que eu criei e eles estão querendo acabar, que é o da Micro e Pequena Empresa”, disse a presidente na ocasião, durante discurso na Central Única das Favelas (Cufa), no Rio de Janeiro.
Em agosto do ano passado, ainda no início da campanha eleitoral, Dilma disse que a proposta de Aécio para reduzir o número de pastas refletia sua “cegueira tecnocrática”. “Quero saber qual (ministério) e quem vai fechar. Essas secretarias poderiam ter outro status, poderia ser apenas uma secretaria? Poderia. Não perceber (a importância) do status é uma cegueira tecnocrática”, afirmou.
Ainda em novembro do ano passado, Dilma chamou de “outra lorota”, em entrevista à Folha de S.Paulo, o corte de ministérios. Segundo ela, uma redução no número de pastas não traria economia real e ainda afetaria áreas envolvidas no plano de concessões, como portos e aeroportos. “Não tiro o ministério da Micro e Pequena Empresa nem que a vaca tussa. Já a Pesca não saiu do chão ainda. Ela vai decolar”, emendou.
A reforma ministerial reduziu de 39 para 31 o total de ministros. Confira aqui como ficou a nova configuração das pastas do governo.
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