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“Meu nome não está em nenhuma lista de propina. Tampouco sou suspeita de qualquer delito contra o bem comum. A denúncia contra mim em análise no Congresso Nacional não passa de uma fraude. A maior fraude jurídica e política da história de nosso país”, discursa Dilma, em referência indireta a listas como a que a Polícia Federal encontrou com um executivo da Odebrecht no fim de março – e que, como este site mostrou no dia 8 daquele mês, reúne mais de 300 nomes de 25 partidos, em que figuram 48 prefeitos, 33 vereadores e 23 deputados estaduais.
Em outro ponto do pronunciamento, Dilma se refere, sem citar nomes, aos artífices do que diz considerar “uma aventura golpista”. “Vejam quem está liderando este processo e o que propõem para o futuro do Brasil. Os golpistas já disseram que, se conseguirem usurpar o poder, será necessário impor sacrifícios à população brasileira. Com que legitimidade? Querem revogar direitos e cortar programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”, acrescenta a presidente, em outra referência indireta – desta vez ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), que vazou áudio em que, falando com se já fosse presidente da República, garantiu que não extinguiria programas como o Bolsa Família.
“O que move os golpistas são os nossos acertos”, provocou a petista.
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O rol de queixas também remete à eleição presidencial de 2014. “Desde que fui eleita, parte da oposição, inconformada, pediu a recontagem dos votos, tentou anular as eleições e passou a conspirar pelo impeachment. Os derrotados mergulharam o país em um estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia com o único objetivo de tomar à força o que não conquistaram nas urnas. Não há razão para o pedido de impeachment contra mim. Acusam-me sem nenhuma base legal”, emendou a presidente, acrescentando que não cometeu crime de responsabilidade ou se envolveu em corrupção ou desvio de dinheiro público.
A petista também sinaliza que, a despeito do risco de ser deposta pelo Congresso, rejeita a tese de renúncia. “O que está em jogo na votação do impeachment não é apenas o meu mandato, que pretendo defender e honrar até o último dia, conforme estabelecido na Constituição. O que está em jogo é o respeito à vontade soberana do povo brasileiro, o respeito às urnas”, arremata a presidente.
Vigília
A jornada de três dias até a votação final, no domingo (17), do relatório favorável ao impeachment de Dilma está a pleno vapor na Câmara. Desde a manhã desta sexta-feira (15), líderes de bancada e demais deputados se revezam em discurso em plenário contra e a favor da deposição presidencial. Mais de 100 deputados já discursaram em mais de 15 horas de sessão, ininterruptamente.
No transcorrer do dia, em meio às preparações para a sessão definitiva na Câmara, governo e oposição se movimentaram em busca de votos. Enquanto partidos punem e chegam a ameaçar parlamentares de expulsão caso votem a favor de Dilma, por outro lado governadores anti-impeachment estão em Brasília para tentar convencer conterrâneos a votar contra o processo.
A oposição precisa de 342 (2/3 dos deputados) para aprovar a continuidade do processo e enviá-lo ao Senado, a quem cabe a análise do conteúdo das denúncias. Com ausências e abstenções a lhe beneficiar, Dilma faz as contas para que ao menos 172 deputados votem contra a matéria, ao passo em que se mantém de olho nos diversos partidos da base (PP, PR, PSD, etc) que a abandonaram e trabalham para votar majoritariamente pelo impedimento.