De acordo com Sperafico, não houve comércio de passagens em seu gabinete. Segundo ele, para “facilitar” o serviço, um de seus funcionários buscava ajuda com colegas que trabalhavam para Aníbal Gomes, no gabinete vizinho. Lá, era acionada uma agência que emitia as passagens para o deputado do PP se deslocar até Brasília ou até sua base eleitoral, em Toledo, no interior do Paraná.
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“Os funcionários tinham uma amizade. Pediam ao gabinete, que fazia essas reservas. Depois a gente entregava o voucher, e eles emitiam passagens para terceiros. Aí, aparentemente, haveria essa comercialização”, contou Sperafico ao Congresso em Foco.
Apesar de o procurador da República José Robalinho dizer que havia muitas passagens comercializadas na cota de três deputados, Sperafico nega. “Teve deputado que pagou para um time inteiro de futebol. Quer mais do que isso? Eles devem ter escolhido alguns pra justificar”, disse ele, em referência ao ex-deputado Eugênio Rabelo (PP-CE).
Pelo menos 11 trechos aéreos da cota de Aníbal Gomes foram parar na agência do irmão da ex-chefe de gabinete Ana Pérsia Alux Bessa. A agência Infinite Tour pertence a Márcio Luiz Alux de Pompeu Bessa. Aníbal Gomes anexou à sindicância declaração de Márcio Alux em que ele e a irmã negam ter recebido vantagem financeira ou efetuado “qualquer tipo de transação comercial com créditos oriundos da Câmara”.
Ana Pérsia e outro funcionário do parlamentar, José Carlos Vasconcelos, foram processados administrativamente pela Casa, mas os dois casos foram arquivados. Ao explicar por que arquivava o processo contra Vasconcelos, o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, disse que o funcionário agiu “em benefício do próprio parlamentar e de seus familiares”. “Valendo-se da sua competência para gerir os recursos financeiros pertinentes à cota de passagens aéreas, tão-somente intermediou com as agências os créditos obtidos com os adiantamentos e empréstimos em benefício do próprio parlamentar e de seus familiares, sem auferir qualquer vantagem pecuniária em razão da transação”, disse ele, em despacho de 25 de maio de 2010.
A pedido do então corregedor da Câmara, ACM Neto (DEM-BA), Sperafico demitiu o funcionário que recorria a Aníbal. Ele diz que o funcionário era uma pessoa “séria” e não cometeu nenhum erro. A reportagem deixou recados no gabinete de Aníbal Gomes, mas não obteve retorno.
Avião próprio
Incluído na investigação mesmo fora da lista de gabinetes da Câmara, o ex-deputado e atual suplente Vadão Gomes (PP-SP) acredita que existiu uma quadrilha na Casa. Ele afirmou ao site que sempre voou de avião próprio, que suas cotas sempre sobravam, e que eram devolvidas ao Legislativo, e não comercializadas. “Vender eu não vendia, senão venderia tudo. Eu sempre tive avião próprio, e meu uso era muito baixo”, disse ele ao Congresso em Foco. “Isso tem que ser apurado. O pessoal tem que ser punido”, defendeu.
Vadão disse que dois servidores dele foram processados pela Câmara, mas inocentados. Pecuarista, Vadão não conseguiu se eleger nas eleições de 2010 e atualmente administra seu frigorífico em Estrela D’Oeste, no interior de São Paulo.
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