Quarenta e sete pessoas foram presas na Operação Navalha, da Polícia Federal, que desbaratou no dia 17 de maio uma quadrilha acusada de fraudar licitações em obras públicas no Nordeste e no Centro-oeste do país. Ao todo, eram 48 mandados de detenção contra um ex-governador, um deputado distrital, um ex-deputado federal, assessores de políticos, empresários e lobistas. As investigações ainda apontavam para dois governadores e um ministro de Estado.
No primeiro dia, quinta-feira, foram detidos 45 acusados. No segundo dia, os federais prenderam mais um. No sábado (19), o servidor da prefeitura de Camaçari (BA) Zaqueu Oliveira Filho se entregou. Só o ex-procurador-geral do Maranhão Ulisses César Martins não ficou atrás das grades. Enquanto a polícia o procurava para fazer a prisão, ele conseguiu um habeas corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Assim como Martins, todos os acusados recorreram à Justiça para tentar sair da cadeia. Hoje (22), o Supremo mandou soltar o empresário José Édson Vasconcellos Fontenelle, o 18º a ser liberado. Até as 18h30 de hoje, 29 suspeitos ainda estavam presos na carceragem da PF, no Setor Policial Sul, em Brasília.
Construtora
A Construtora Gautama Ltda, de Zuleido Veras, que também foi detido, é apontada pela Polícia Federal como a cabeça da quadrilha. Por meio de influência junto a políticos e servidores, acusa a PF, a empresa fraudou licitações e medições de serviços.
As prisões e os mandados não refletem a totalidade dos acusados. A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon negou a detenção do atual governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), embora a PF e o Ministério Público atestem que ele recebeu R$ 240 mil de propinas para permitir o pagamento de medições irregulares apresentadas pela Gautama. O antecessor de Jackson Lago, José Reinaldo Tavares (PSB), não teve a mesma sorte: agora já liberado, foi preso, acusado de receber um carro de R$ 110 mil como "presente" da Guatama.
Além de atingir políticos ligados a partidos da oposição (como o DEM e o PSDB), a investigação alcançou integrantes do governo Lula. O principal deles é o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, acusado pela PF de ganhar R$ 100 mil de propina por meio de um assessor. De acordo com a investigação policial, os valores foram entregues por Maria de Fátima Palmeira, da Gautama, a Ivo Almeida Costa, ex-assessor do ministro e também preso.
Por conta disso, especula-se na Esplanada que Rondeau, apadrinhado do senador José Sarney (PMDB-AP), pode deixar o cargo. Por enquanto, também foram afastados acusados que trabalhavam na Câmara dos Deputados e nos governos de Alagoas e do Distrito Federal. (Eduardo Militão)
A LISTA DE ACUSADOS
Não houve mandado de prisão
Jackson Lago (PDT): governador do Maranhão
Não foi preso
Ulisses César Martins: ex-procurador-geral do Maranhão
Presos e soltos depois
1. Adeilson Teixeira Bezerra: secretário de Infra-estrutura de Alagoas
2. Denisson de Luna Tenório: subsecretário de infra-estrutura de Alagoas
3. Enéas de Alencastro Neto: representante do governo de Alagoas em Brasília
4. Ernani Soares Gomes Filho: assessor afastado do deputado Márcio Reinaldo (PP-MG)
5. Flávio Conceição de Oliveira Neto: conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe
6. Flávio José Pin: servidor da Caixa Econômica Federal
7. Geraldo Magela Fernandes da Rocha: assessor do ex-governador José Reinaldo Tavares
8. Jair Pessine: ex-secretário municipal de Sinop
9. João Alves Neto: filho do ex-governador João Alves Filho (DEM-SE)
10. José Edson Vasconcelos Fontenelle: empresário
11. José Ivan de Carvalho Paixão (PPS-SE): ex-deputado federal
12. José Reinaldo Carneiro Tavares (PSB): ex-governador do Maranhão
13. José Vieira Crispin: servidor da Secretaria de Infra-Estrutura de Alagoas
14. Márcio Fidelson Menezes: ex-secretário de Infra-estrutura de Alagoas
15. Ney Barros Bello: secretário de Infra-estrutura do Maranhão
16. Nilson Aparecido Leitão (PSDB): prefeito de Sinop (MT)
17. Roberto Figueiredo Guimarães: presidente afastado do Banco de Brasília
18. Zaqueu de Oliveira Filho: servidor da prefeitura de Camaçari (BA)
Permanecem presos
1. Abelardo Sampaio Lopes Filho: engenheiro e diretor da Gautama
2. Alexandre de Maia Lago: sobrinho do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT)
3. Bolívar Ribeiro Saback: empregado e lobista
4. Dimas Soares de Veras: irmão de Zuleido e funcionário da Gautama
5. Edílio Pereira Neto: assessor de Iran César de Araújo Filho
6. Everaldo José de Siqueira Alves: subsecretário de Iran César de Araújo Filho
7. Flávio Henrique Abdelnur Candelot: funcionário da Gautama
8. Florêncio Brito Vieira: funcionário da Gautama
9. Francisco de Paula Lima Júnior: sobrinho de Jackson Lago
10. Gil Jacó Carvalho Santos: diretor-financeiro da Gautama
11. Henrique Garcia de Araújo: administra uma fazenda do grupo
12. Humberto Rios de Oliveira: funcionário da Gautama
13. Iran César de Araújo Filho: secretário de Obras de Camaçari (BA)
14. Ivo Almeida Costa: assessor especial do gabinete do Ministério de Minas e Energia
15. João Manoel Soares Barros: funcionário da Gautama
16. Jorge Barreto: engenheiro da Gautama
17. Jorge Targa Juni: presidente da Companhia Energética do Piauí
18. José de Ribamar Ribeiro Hortegal: servidor da secretaria de Infra-Estrutura do Maranhão
19. Luiz Carlos Caetano: prefeito de Camaçari (BA)
20. Maria de Fátima Palmeira: diretora comercial
21. Pedro Passos Júnior (PMDB-DF): deputado distrital
22. Ricardo Magalhães da Silva: funcionário da Gautama
23. Rodolpho de Albuquerque Soares de Veras, filho de Zuleido
24. Rosevaldo Pereira Melo: lobista da Gautama
25. Sebastião José Pinheiro Franco: fiscal de obras do Maranhão
26. Sérgio Luiz Pompeu Sá
27. Tereza Freire Lima: funcionária da Gautama
28. Vicente Vasconcelos Coni: diretor da Gautama no Maranhão
29. Zuleido Soares Veras: dono da Gautama
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