Um levantamento feito pelo site UOL e publicado na tarde desta sexta-feira (14) mostra, a partir da abertura dos 76 inquéritos autorizada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que das 50 obras da Odebrecht investigadas pela força-tarefa da Operação Lava Jato, 10 geraram ao menos R$ 458 milhões em repasses feitos a políticos e partidos por meio de caixa dois.
A primeira da lista é a obra do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). A parceria entre os governos do Brasil e da França foi estabelecida para promover a construção de submarinos convencionais e nucleares. Delatores afirmaram que ao menos 40 milhões de euros – que correspondem a cerca de R$ 133 milhões – foram pagos a José Amaro Ramos, pessoa apontada como operadora do PSDB. Ainda de acordo com as delações, outros R$ 5,5 milhões foram destinados ao ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz da Silva Pinheiro e outros R$ 17 milhões ao PT, acordados pelo ex-tesoureiro da sigla, João Vaccari Neto.
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O segundo pagamento ilícito foi feito por contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht relativos às obras da Petroquímica Suape, em Pernambuco. Desse empreendimento, R$ 95 milhões foram destinados ao pagamento de propinas. Em terceiro lugar, entram os acordos sobre a construção das Usinas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia. A partir das informações dos depoimentos prestados aos membros do Ministério Público Federal foi constatado que R$ 80 milhões foram distribuídos entre membros do PMDB, como os senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA) e Valdir Raupp (RO). Além deles, também foram beneficiados os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ivo Cassol (PP-RO), e os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Paulinho da Força (SD-SP).
Em quarto lugar no ranking de mais desvios está a Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro. De acordo com os ex-executivos da Odebrecht, R$ 36 milhões foram pagos em contrapartida da conquista dos contratos pela empreiteira. O valor foi dividido entre o ex-governador do RJ Sérgio Cabral (PMDB), o deputado Júlio Lopes (PP-RJ) e o conselheiro do Tribunal Regional do Estado (TCE-RJ) Jonas Lopes.
Depois, aparece a Refinaria Getúlio Vargas, que gerou pagamento de R$ 35 milhões referentes a contratos firmados entre a Odebrecht e a Petrobras; o empreendimento Parque da Cidade, em São Paulo, que pagou R$ 27 milhões em vantagens indevidas para o PT por uma intervenção feita junto ao fundo de previdência do Banco do Brasil (Previ); e outros R$ 16 milhões pagos, a pedido do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB), para garantir a facilitação na obtenção de contratos referentes às obras das Olimpíadas de 2016.
Para a construção da linha férrea que liga as cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, as obras da Trensurb 1 movimentaram R$ 8,2 milhões em caixa dois. Entre os beneficiários, ainda de acordo com os delatores, estão o deputado Marco Maia (PT-RS), o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT).
Durante a construção da Cidade Administrativa no estado, R$ 5,2 milhões foram pagos em propina. O senador Aécio Neves aparece, mais uma vez, como um dos beneficiados. À época, o tucano era o governador do estado. Por último, aparecem obras do programa habitacional Pró-Moradia, no bairro de Nova Iguaçu, no RJ. Depoimentos mostram que o senador Lindbergh Farias (PT) recebeu R$ 4,5 milhões.
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