Além de exaltar a economia brasileira e evitar falar do colega venezuelano, o presidente Lula disse em entrevista ao jornal New York Times que não há provas do envolvimento do ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu (PT) com o mensalão. "Eu não acredito que haja qualquer evidência de que Dirceu cometeu o crime de que ele está sendo acusado", afirmou o presidente em defesa de Dirceu, que está sendo processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Durante 75 minutos de conversa, segundo o jornal O Estado de S.Paulo, no Palácio do Planalto, Lula também se mostrou otimista com a economia. "Estamos vivendo um momento promissor. O Brasil está vivendo seu melhor momento econômico". Na entrevista, o jornal "destaca indicadores como crescimento, queda do desemprego e controle da inflação, e também a aprovação popular de Lula."
O New York Times registra que essa foi "a primeira conversa longa com um jornalista americano desde 2004", mas não cita a matéria do então correspondente Larry Rohter. Na matéria, Rohter afirmava que o consumo de álcool pelo presidente se tornara uma preocupação nacional. Na época, o presidente chegou a pedir o cancelamento do visto do repórter, mas voltou atrás por causa da repercussão negativa do caso.
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"Ele é o presidente Teflon. Nada cola", disse ao jornal o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer. Lula, segundo a reportagem, se recusou a dizer se alguém em especial o traiu. "Há centenas de empregados ao meu redor que eu não tenho a menor idéia do que fazem", desconversou o presidente Lula.
O presidente também descartou a sugestão de que possa se tornar uma força na região, em contraposição ao venezuelano Hugo Chávez. Na semana passada, o presidente da Venezuela fez duras críticas ao Congresso. "Nós na América Latina não estamos à procura de um líder", afirmou. "Não precisamos de um líder. O que precisamos é construir harmonia política, porque a América do Sul e a América Latina precisam aprender a lição do século 20. Nós tivemos a oportunidade de crescer, de nos desenvolver, mas perdemos a oportunidade. Então, continuamos sendo países pobres", completou Lula. (Lúcio Lambranho)