ISTOÉ
Porque um grupo de políticos quer mudar o código florestal
Levantamento de ISTOÉ mostra que pelo menos 27 deputados e senadores tinham pressa em aprovar a nova lei para se livrarem de multas milionárias e se beneficiarem de desmatamentos irregulares
Apesar do amplo apoio que o governo Dilma Rousseff tem no Congresso, um grupo de parlamentares tentou aprovar a toque de caixa, na semana passada, o projeto do novo Código Florestal brasileiro. Não conseguiu. Na quarta-feira 4, a bancada governista fez prevalecer sua força e a discussão foi adiada para a próxima semana. Por trás da pressa de alguns parlamentares, porém, não existia propriamente o interesse por um Brasil mais verde e sustentável. Reportagem de ISTOÉ apurou que pelo menos 27 deputados e senadores defendiam seu próprio bolso e estavam legislando em causa própria (abaixo, cinco casos exemplares). Todos eles já foram punidos pelo Ibama por agressão ao meio ambiente e o novo código que queriam aprovar a toque de caixa prevê anistia para multas impostas a desmatadores. O benefício se estenderia também a empresas e empresários do agronegócio que, nas eleições do ano passado, fizeram pesadas doações a esse bloco parlamentar ligado à produção rural.
O adiamento é inevitável. É muito difícil analisar uma coisa que não tem rosto, cara. Essa, na verdade, é uma disputa entre Aldo e o PT , comentou o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) no início da noite da quarta-feira. Ele se referia ao relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que começava a ser criticado por ministros de Dilma. O grupo que exigia a imediata aprovação sabia muito bem o que tinha a ganhar ou perder, ao contrário de boa parte do plenário. O deputado Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR) é um exemplo típico. Campeão de infrações, ele foi multado em R$ 56 milhões por eliminar 2,7 mil hectares de vegetação sem autorização em Pacaraima (RR), destruir outros 323 hectares de vegetação nativa e impedir a regeneração em mais 3,5 mil hectares. Foram duas infrações em 2005 e mais duas em 2009. Uma de suas fazendas, de cinco mil hectares, chegou a ser proibida de produzir. Quartiero afirma que sofreu perseguição política porque foi um dos líderes dos arrozeiros na região da reserva indígena Raposa Serra do Sol: O governo fez acusações para provocar a nossa saída da área, reclama. Ele vendeu o que restou das suas terras e benfeitorias e comprou 11 mil hectares na Ilha de Marajó (PA) para criar gado e plantar arroz.
Os novos recursos para enfrentar o AVC
O número de casos sobe entre os jovens. Mas um poderoso arsenal, composto por novos remédios, robôs e células-tronco, entre outras novidades, está ajudando a proteger e a reconstruir o cérebro
Laboratório paulista
A partir de uma briga regional, políticos de vários partidos promovem uma reforma que não passa pelo Congresso e nem atende aos interesses dos eleitores
São Paulo, o maior colégio eleitoral do País e principal bunker da oposição demo-tucana, vem funcionando nos últimos meses como o laboratório para uma movimentação partidária de repercussão nacional. Com o governo federal colecionando índices de popularidade cada vez mais altos e uma oposição dividida e sem bandeiras, uma briga paroquial que coloca de um lado o governador Geraldo Alckmin e do outro o prefeito Gilberto Kassab e o ex-governador José Serra acabou se transformando, na prática, em uma espécie de reforma política que se alastra para todo o País. O problema é que essa reforma não passa pelo Congresso e desconsidera o interesse do eleitor. Seus protagonistas movem-se motivados apenas pela própria sobrevivência político-eleitoral. Como o Congresso não fez a reforma necessária e nossos partidos não são agremiações ideológicas, os políticos estão fazendo a seu sabor e particularidade aquilo que melhor lhes cabem, avalia o consultor Gaudêncio Torquato, professor da Universidade de São Paulo (USP). Eles perderam a biruta e a falta de projetos coletivos permite a formação de um partido que se transforma rapidamente na tábua de salvação dos náufragos de diversas legendas, que, sem um discurso definido, procuram se aproximar daquilo que tem agradado ao eleitor nas mais diferentes regiões do País, explica Torquato, referindo-se ao Partido Social Democrático (PSD), criado pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab, sob as bênçãos do tucano José Serra e a batuta do veterano democrata Jorge Bornhausen.
Brasil devassado
Sem um satélite próprio, o País depende de estrangeiros para proteger suas riquezas, fluir informações militares e até controlar o tráfego aéreo
Claudio Dantas Sequeira
Apesar dos avanços e recuos, uma das prioridades do governo brasileiro é reaparelhar as Forças Armadas. Pelos planos, em breve o Brasil ganhará um submarino de propulsão nuclear para patrulhar a costa, em especial a região do pré-sal, um grupo de caças de quinta geração para proteger o espaço aéreo do país; e armamentos de última geração para equipar os soldados que monitoram a porosa fronteira brasileira. Como em qualquer país com um poderio militar moderno, o plano do governo prevê que toda a comunicação entre as três forças seja feita via satélite, permitindo a troca rápida e segura de informações. Na teoria, a estratégia de defesa brasileira parece não ter falhas graves e obedece aos procedimentos das melhores forças armadas do mundo. Na prática, no entanto, existe um nó difícil de ser desatado e que, em tese, compromete todo o investimento bilionário que o País se prepara para fazer.
Ao contrário das principais nações desenvolvidas e emergentes do mundo, o Brasil não tem controle nem ao menos sobre um dos quase mil satélites que estão em órbita no mundo hoje. A Índia, por exemplo, tem seis deles dedicados a ela e a China, outros 60. Hoje, todas as informações brasileiras que trafegam pelo espaço sejam elas militares, governamentais ou de empresas privadas nacionais passam por satélites privados, controlados por uma única empresa, a Star One, do bilionário mexicano Carlos Slim. Na prática, o Brasil é um simples locador de um retransmissor espacial que tem como função principal gerar lucros para o seu dono. Em uma situação de conflito, seja ele militar ou econômico, em última instância o locador tem o poder de simplesmente cortar o sinal do satélite, fazendo com que todo o moderno aparato militar que o País pretende adquirir se torne completamente inútil.
Fraude no ProJovem
Em uma simples pesquisa por amostragem, o TCU encontra indícios de irregularidades em ao menos 20% dos recursos repassados pelo governo às prefeituras
O Programa Nacional de Inclusão de Jovens surgiu há seis anos como uma importante iniciativa de transferência de renda, com foco em homens e mulheres entre 15 e 29 anos. A concessão do auxílio de R$ 100, combinado com cursos profissionalizantes, deve servir como porta de saída para milhares de brasileiros que vivem na linha de pobreza. O ProJovem, que atende a 2.300 municípios, recebeu R$ 3,5 bilhões até hoje e, para este ano, o governo empenhou mais R$ 1,2 bilhão. O problema é que esses recursos precisam passar pelas prefeituras e ONGs conveniadas e nem sempre chegam ao bolso de quem precisa. A auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os repasses ao programa em 2008 e 2009 encontrou desvios de toda ordem, desde superfaturamento na compra de material escolar até cadastros de estudantes forjados. Os auditores identificaram falhas graves nas contas de prefeituras de médio porte nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, que movimentaram ao todo R$ 872 milhões. Pela amostragem dos auditores, cerca de 20% dos recursos são alvo de fraudes.
Um dos piores problemas é a adulteração das listas de presença dos alunos. Em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, as marcações nas folhas de frequência dificilmente condiziam com a realidade. Foram encontradas listas com 100% de presença repetidamente, diz o relatório. Em Olinda, constatou-se falta de fidedignidade nos dados inseridos no sistema informatizado do ProJovem Urbano, além de ausência de apresentação de parte dos diários de frequên¬cia das turmas. Em Fortaleza (CE), mesmo após a redução dos coletivos de estudantes de 80 para 46, os repasses continuaram no mesmo volume. Em Cascavel (PR), foram distribuídas bolsas do ProJovem a 1,3 mil alunos, só que o TCU descobriu que havia apenas 895 alunos efetivamente matriculados. As falhas nos cadastros também surpreenderam. Numa amostragem de 435 mil alunos, constataram-se 40 mil registros com erros de CPF ou de inscrição social (NIS) essencial para checar se o aluno se enquadra no perfil socioeconômico do programa. Cerca de 6,8 mil jovens, com RG e nomes idênticos, estavam cadastrados com matrículas diferentes, indicando possíveis pagamentos em duplicidade.
A saúde da presidente
Com pneumonia, Dilma é obrigada a diminuir o ritmo de trabalho e antecipa exames médicos em São Paulo para afastar preocupações
O rigor no cumprimento da rotina palaciana teve de ser posto um pouco de lado pela presidente Dilma Rousseff nas duas últimas semanas. Desde o retorno de uma viagem à China, em 17 de abril, Dilma já reclamava de cansaço, indisposição, dores no corpo e exibia uma aparência abatida, sintomas típicos de um resfriado que pioravam dia a dia. Na quinta-feira 28, o médico particular de Dilma, Roberto Kalil Filho, foi informado pelo médico da Presidência, Cleber Ferreira, que ela tinha um foco de pneumonia no pulmão esquerdo. Kalil disse a Dilma para repousar na sexta-feira e voltou a falar com ela no sábado 30, por telefone. A presidente me disse que ainda não se sentia bem e aconselhei-a a vir a São Paulo para fazer exames, contou Kalil. No domingo 1o, após uma bateria de exames no Sírio-Libanês, o diagnóstico acabou confirmado. A doença foi considerada de intensidade leve, mas os médicos além de Kalil, o infectologista David Uip receitaram um combinado de dois antibióticos, substituindo outro que ela já estava tomando, para ser ministrado durante dez dias. E recomendaram repouso.
O cardiologista antecipou um check-up que estava agendado havia dois meses para acompanhamento da saúde da presidente. Como Dilma foi tratada de um tumor linfático em 2009, o roteiro adequado para uma avaliação periódica da sua saúde prevê também exames de seguimento do câncer. Os resultados dos exames dela foram todos bons, exceto pela pneumonia. A presidente é basicamente uma pessoa saudável, afirmou Kalil.
Base aliada pode trincar
Sede por cargos, disputa por projetos e ambições políticas colocam o Planalto e partidos aliados em rota de colisão, ameaçando a coesão da maioria do governo no Congresso
Em reunião, há pouco mais de uma semana, no Palácio do Planalto, com o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, e o vice-presidente, Michel Temer, o presidente do PMDB, senador Valdir ¬Raupp (RO), deu o tom da insatisfação do partido. Desse jeito, não temos como controlar o PMDB. E estou falando bem sério. Vocês vão ver o que vai acontecer em breve, ameaçou Raupp. O senador reclamava da lentidão do governo no preenchimento de cargos do segundo escalão. Depois de apenas três dias, veio o troco. Em evento em Belo Horizonte, com as principais lideranças mineiras do partido, o peemedebista lançou os nomes de Temer e do governador do Rio, Sérgio Cabral, à Presidência da República em 2014. Estamos com esses dois nomes sendo preparados. A base tem que se preparar para a guerra. Aliança (com o PT) você faz e desfaz a qualquer hora, conclamou.
Os dois episódios são um retrato quase fiel das turbulências enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff com sua própria base aliada. Embora a oposição esteja perdida e o governo desfrute de apoio jamais visto no Congresso, a maior dificuldade dos operadores políticos do Palácio do Planalto tem sido domar as legendas governistas. Em abril, a média de apoio ao governo nas votações na Câmara ficou em 50%, considerando todos os partidos. É muito pouco para quem tem, oficialmente, quase 80% do Congresso a seu favor. A situação tende a ficar mais complicada quando temas complexos, como as reformas, chegarem ao Congresso. O novo Código Florestal, que ameaça ser aprovado a contragosto do governo, é uma prova clara de que a base não é tão aliada assim.
Eles querem mudar o Senado
Um grupo de senadores, formado principalmente por ex-governadores acostumados com o Executivo, decide liderar um movimento para acabar com a inércia, os desmandos e gastos exorbitantes
Dois anos depois do escândalo que revelou o caos administrativo do Senado, pouco ou quase nada foi feito para eliminar o histórico desperdício de dinheiro público, excesso de servidores, mordomias e privilégios. Mas esse quadro de inércia pode começar a mudar. Um grupo de senadores em primeiro mandato, a maioria deles ex-governadores, espantou-se com o que viu e está defendendo mudanças no curto prazo. O tempo do verbo é diferente no Executivo e no Legislativo. Lá, falamos vou fazer, já fiz; aqui, falam estamos providenciando, estamos fazendo. É um gerúndio que não acaba nunca, constata o senador Eduardo Braga (PMDB), ex-governador do Amazonas e um dos envolvidos no processo. A indignação dos senadores que chegam é muito grande. Há coisas que não são necessárias, excesso de gastos, marasmo nas decisões. Agora, vai haver mudanças, completa o senador Blairo Maggi (PR), ex-governador de Mato Grosso. As sugestões dos novos senadores foram consolidadas num relatório que será apresentado, na terça-feira 17, ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
A renovação dos quadros do Senado, com a eleição de dois terços do plenário, favorece o clima de mudanças. Se não aproveitarmos este momento, não faremos lá adiante. O momento de fazer é neste primeiro ano, avisa Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí. Responsável pelo relatório, o senador Ricardo Ferraço (PMDB), ex-vice-governador do Espírito Santo, aproveitou as recomendações da Fundação Getulio Vargas, os estudos feitos por uma comissão de senadores no ano passado, as informações colhidas em audiências públicas e as sugestões feitas pelos colegas interessados no tema. Todo o trabalho foi realizado em apenas 70 dias, mas ele salienta que o relatório é realista: Temos que fazer um enfrentamento com responsabilidade, senão vira bravata, só para marcar posição, sem garantir avanços para a estrutura da Casa. O relator lembra que as distorções se acumularam por anos, até pela falta de apreço dos senadores pelos assuntos administrativos. A gestão da Casa foi delegada a um pequeno grupo. O Senado cresceu, mas não foi organizado. Foram se criando ilhas, com orçamento próprio, autonomia, como se não houvesse um caixa único, disse Ferraço.
Quanto custa o sonho de Kassab
O prefeito de São Paulo faz nomeações em empresas públicas, cria secretarias e agrada aos vereadores para consolidar o sucesso da criação de seu novo partido, o PSD
Atende pelo apelido de Malufinho o principal articulador político do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Seu nome é Antonio Carlos Rizeque Malufe, advogado de 61 anos, atual secretário de relações governamentais da prefeitura. Ele anda assoberbado nas últimas semanas ajudando a criar o Partido Social Democrático, o PSD. Foi num jantar, uma carneirada, na casa de Malufinho, no dia 18 de março, que o prefeito comunicou a seus aliados a saída do DEM. De lá para cá, os projetos políticos de Kassab foram um sucesso só. Ele esvaziou o PSDB de seu rival, o governador Geraldo Alckmin, redesenhou a política paulista, acabou de dizimar o DEM, construiu uma alternativa a lideranças nacionais traídas nas urnas, conquistou o apoio de dois governadores, cinco vices, três senadores, 50 deputados federais e dezenas de prefeitos. O paulistano Kassab virou peça-chave no tabuleiro da política brasileira: em qualquer canto do País, hoje o PSD é chamado de o partido de Kassab.
Malufinho tem ajudado muito o prefeito a consolidar essa vitória. Ele é um quadro partidário experiente. Ingressou na política como assessor do ex-governador Mário Covas e, depois, foi trabalhar com José Serra, ex-candidato do PSDB à Presidência da República. Hoje está nas mãos de Malufinho a estratégica liberação de R$ 25 milhões (o dobro do que havia sido aprovado em 2010) para emendas parlamentares. A distribuição de verbas contempla 25 dos 55 vereadores eleitos. Os campeões em aprovações foram justamente os vereadores do PSDB que abandonaram o ninho tucano para caminhar em direção ao PSD. O líder dos desertores, o vereador Dalton Silvano, está no topo do ranking. Ele conseguiu, de uma só vez, R$ 1,8 milhão dos R$ 2 milhões a que todo vereador tem direito, mas que dificilmente são liberados. A 18 meses das eleições municipais é um apoio e tanto. Não tive privilégios, trabalho em cima das emendas, defende-se Silvano. Saí do PSDB porque a relação estava deteriorada. O PCdoB, outro recente aliado de Kassab, também melhorou sua sorte com as emendas. No ano passado, o partido do vereador comunista Netinho de Paula teve aprovada menos da metade de suas emendas. Agora só Netinho levou R$ 1,8 milhão, empatando com Silvano.
ÉPOCA
Doutor horror
Pais descobriram que os bebês concebidos com a ajuda de Roger Abdelmassih não eram seus filhos biológicos
De: Roger Para: Dilma
Antes de cair, o ex-dirigente da Vale alertou a presidente sobre a estranha atuação de consultores ligados ao PT que faturam milhões com royalties. E eles continuam lá
O município de Parauapebas, no sudeste do Pará, abriga a maior mina de ferro a céu aberto do mundo, a jazida de Carajás, explorada pela Vale. Pela riqueza mineral, a cidade recebeu R$ 700 milhões de royalties da mineradora nos últimos cinco anos. Trata-se de uma compensação pela exploração do solo. Apesar dos repasses milionários, Parauapebas é cercada por favelas, cujos barracos se expandem por uma sequência de morros. Bairros próximos ao centro têm esgoto a céu aberto e ruas sem asfalto, muitas com pedaços de madeira e sucata para evitar que motoristas desavisados atolem na lama.
Comandado pelo PT, o município integra um capítulo até aqui não revelado da campanha para tirar o executivo Roger Agnelli da presidência da Vale. Há nesse episódio suspeitas de desvio de milhões de reais de recursos públicos. É dinheiro pago pela mineradora, que entrou no caixa da prefeitura e que deveria ser aplicado na melhoria das condições de vida da população. De acordo com investigações de dois órgãos de fiscalização, esse dinheiro aparentemente foi parar em lugar impróprio.
Fortes indícios do caso chegaram à mesa da presidente Dilma Rousseff, numa carta assinada por Agnelli em 14 de março. No texto, Agnelli alerta que a disputa em torno dos royalties estava inserida em um contexto político e que havia investigações criminais em andamento sobre o suposto esquema da prefeitura de Parauapebas. s As assessorias da Vale e da Presidência da República confirmaram o envio e o recebimento da carta. A Vale informou, contudo, que não comentaria o teor do documento. O Palácio do Planalto afirmou que a cobrança dos royalties é feita pelas prefeituras e que a carta foi encaminhada ao Ministério de Minas e Energia.
Do índio ao cacique
O desvio de verbas da Funasa para um senador do PMDB. A PF descobre que o dinheiro público destinado ao atendimento médico indígena foi desviado para campanhas da família do senador Gilvam Borges
Há três anos, surgiram notícias de que a numerosa população indígena do Amapá e do norte do Pará sofria com a falta de atendimento médico. Pela lei, cabe ao governo federal, por meio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), zelar pela boa saúde dos índios brasileiros. Como a Funasa recebe verbas abundantes para cumprir essa tarefa, as notícias causaram perplexidade. Para esclarecer o caso, foi formada uma equipe de investigadores, composta de agentes da Polícia Federal (PF), procuradores do Ministério Público Federal e funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai). Eles percorreram aldeias no Amapá e no norte do Pará, inspecionando a situação dos 14 mil índios da região. Não encontraram apenas falta de atendimento médico. Encontraram uma tragédia.
No cemitério da aldeia Manilha, no município de Pedra Branca do Amapari, sete recém-nascidos uaiapis haviam sido enterrados antes da chegada dos investigadores. Os bebês morreram sem receber qualquer assistência médica. Ali, como em outras aldeias visitadas, havia apenas um absoluto abandono: prateleiras vazias nas farmácias, remédios com validade vencida, ausência de agentes de saúde, doentes entregues ao destino. Em matas onde picadas de cobra são frequentes, faltava soro antiofídico. Por falta do remédio, uma índia teve de amputar o braço. Nunca vi algo parecido. Senti um vazio enorme ao ver tanta tragédia, diz o indigenista Edmar Mata, funcionário da Funai que trabalha há 23 anos no Amapá e acompanhou as investigações.
Os índios daquela região são frágeis diante de doenças simples no resto do Brasil. Gripes tornam-se sentenças de morte, casos isolados de sarampo provocam epidemias devastadoras. É por tais razões que a saúde da população indígena requer variados cuidados, a cargo do Estado tudo o que não se encontrou nas aldeias do Amapá e do norte do Pará. Ao fim da vistoria, a força-tarefa constatou que ao menos 20 índios haviam morrido por negligência no atendimento médico. Impôs-se, então, uma pergunta: se o governo federal remete milhões de reais para que os índios sejam atendidos, como tantos morreram nas mais degradantes condições imagináveis? Onde foi parar o dinheiro?
A Ferrari da corrupção
Mesmo condenado, Luiz Estevão burla a Justiça, segue prosperando e faz até negócios com o governo
O empresário Luiz Estevão tem duas paixões: Ferraris e dinheiro público (não se sabe se nesta ordem). Quando está de bobeira, Luiz Estevão condenado desde 2006 pela Justiça Federal a 31 anos de cadeia por corrupção ativa, peculato, formação de quadrilha, estelionato e uso de documento falso deixa sua mansão em Brasília e acelera pelas ruas da capital sua Ferrari F 458, modelo 2011, um míssil vermelho com 570 cavalos de potência, que atinge 100 quilômetros por hora em 3,4 segundos e, dependendo do estado mental do condutor, pode chegar a 325 quilômetros por hora. Esse carro passa zunindo por aqui, diz um frentista de um posto de gasolina que fica próximo à enorme casa de Estevão. O novo brinquedo, comprado em março deste ano, vale R$ 1,6 milhão. Está no nome de Luiz Estevão de Oliveira, seu filho. Zunindo a bordo desse reluzente bólido, Luiz Estevão curte, às vezes ao lado da mulher, às vezes com um dos seis filhos, a dolce vita da sociedade brasiliense, desfilando alegremente pelos restaurantes da moda, pelas festas da corte. Tranquilo. Imperturbável. E cada vez mais rico.
Tenho mais de US$ 12 bilhões de patrimônio, diz, num tom que oscila entre a arrogância e o escárnio. Ele afirma que essa fortuna está devidamente declarada à Receita Federal. Estevão diz ser, hoje, o maior dono de terrenos na rica capital do país: Tenho mais do que todos os demais empresários de Brasília juntos e multiplicados por três. Estevão, aliás, não tem uma Ferrari: tem duas a outra é mais antiga, modelo 1991. A Ferrari, indiscutivelmente, é o melhor de todos, um ícone da indústria automobilística, diz.
As lições florestais dos países ricos
Enquanto o Brasil debate como lidar com sua mata nativa, algumas nações mostram como conciliar o progresso econômico com a preservação
O futuro das florestas brasileiras está em jogo no Congresso Nacional. Os deputados federais debatem uma das mais ousadas mudanças no conjunto de leis que regulam o uso de nossas matas, o chamado Código Florestal. A legislação atual, criada em 1965, recebeu 16 mil emendas ou medidas provisórias, por vezes confusas e contraditórias. Elas complicam a produção agrícola e também não garantem proteção ideal aos recursos naturais. Na semana passada, a proposta de reforma no código, apresentada pelo relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) passou por negociações, mas o texto final não agradou nem aos ruralistas nem aos ambientalistas. A votação foi adiada, e a discussão em torno do assunto só esquentou.
De um lado, os produtores rurais querem mais flexibilidade nas leis para ampliar a produção e consolidar áreas já desmatadas. Por outro, pesquisadores e conservacionistas defendem medidas de proteção florestal para manter a biodiversidade, evitar a erosão do solo, preservar mananciais e alimentar o ciclo de chuvas. Por trás do debate, o que está em jogo é o modo como o Brasil vê a vocação de suas florestas. Mas um exame da estratégia adotada por alguns países ricos mostra como eles conseguiram conciliar o desenvolvimento humano e econômico com a preservação. Em alguns casos, como no Japão, o progresso ocorreu por causa da conservação. Em geral, nos países mais desenvolvidos, onde se tem mais educação, cumprem-se mais as normas ambientais, diz Maria Tereza Pádua, da União Internacional para Conservação da Natureza. O que esses países ensinam.
Explodir é mais fácil
A fragilidade na segurança de explosivos abastece quadrilhas que arrombam caixas eletrônicos
Em uma cena do filme Butch Cassidy e Sundance Kid, a dupla de bandidos representada por Paul Newman e Robert Redford e seus companheiros do Bando do Buraco na Parede explodem um vagão de um trem no Oeste americano para roubar o dinheiro que seria levado a um banco. Milhares de cédulas de dólares voam, e os bandidos correm para recolher. Nos últimos dois meses, o método tosco usado no filme sobre dois personagens reais do Oeste americano no século XIX tem sido aplicado quase diariamente em São Paulo. Desde o mês passado, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo registrou 43 ataques com explosivos a caixas eletrônicos no Estado. No filme, Butch Cassidy diz que é mais fácil roubar o dinheiro no trem que assaltar um banco na cidade. A lógica dos bandidos paulistas funciona de forma parecida. É menos arriscado roubar explosivos e depois usá-los para arrombar caixas eletrônicos que assaltar agências bancárias vigiadas.
O comércio de explosivos no Brasil chegou a 120.000 toneladas em 2010. Cerca de 4.700 empresas brasileiras estão credenciadas a vender o material, principalmente para pedreiras, mineradoras e empreiteiras. Esse comércio é fiscalizado pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC) do Exército, com o apoio das secretarias de Segurança dos Estados. Mas a vigilância termina na venda. O Exército tem um controle rígido da fabricação e do comércio, afirma o policial civil e químico Carlos Alberto Tabanez, da Divisão de Operações Especiais da Polícia Civil de Brasília. Mas depois dessa fase começam os problemas.
Uma droga ainda pior
O oxi uma pedra tóxica feita com cal, gasolina e pasta de cocaína se espalha pelo país e assusta as autoridades mais que o crack.
Pedro tinha 8 anos quando começou a fumar maconha. Aos 14, experimentou cocaína. Com 19, foi apresentado ao crack. Eu fumava cinco pedras e bebia até 12 copos de pinga. Em janeiro deste ano, seu fornecedor de drogas, em Brasília, passou a oferecer pedras diferentes, com cheiro de querosene e consistência mais mole. Pedro estranhou. Dizia a ele que a pedra estava batizada, que não era boa. O cara me dizia que era o que tinha e ainda me daria umas (pedras) a mais. Não demorou para Pedro notar a diferença no efeito. A nova pedra era mais viciante. Para não sofrer com crises de abstinência, dobrou o consumo para até dez pedras por dia. Descobriu então que, em vez de crack, estava fumando uma droga chamada oxi. Quando soube, vi que estava botando um veneno ainda maior no meu corpo. Fiquei com medo de morrer. Aos 27 anos, depois de quase duas décadas de dependência química, Pedro sentiu que tinha ido longe demais. Internou-se numa clínica.
A história de Pedro (nome fictício) ilustra o terror provocado pelo oxi, droga que está se espalhando rapidamente pelo Brasil. O oxi está sendo tratado pelos médicos como algo mais letal que o crack, considerado até agora a mais devastadora das drogas. Mas é consumido por pessoas que não sabem disso, porque é vendido em bocas de fumo como se fosse crack. O oxi invadiu os postos de venda tradicionais. Isso preocupa, diz o delegado Reinaldo Correa, titular da Divisão de Prevenção e Educação do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo.
VEJA
Por que ler ainda é decisivo
A cada nova geração, renova-se a sensação de que nas passadas se lia mais e se fazia menos sexo. Duplo engano. A rapaziada, em todos os tempos, foi com igual ímpeto ao pote.
Computador das Farc
Como a narcoguerrilha arrecadava dinheiro no Brasil com ajuda do PT
Política: Uma proposta bolchevique para mudar o sistema eleitoral
Perfil: Eduardo Cunha, o especialista em cargos da bancada do PMDB
Ambiente: O que está em jogo com o novo Código Florestal
CARTA CAPITAL
Escravos da tecnologia
Conectados 24 horas, trabalhamos cada vez mais. E sem perceber.
Corrupção: Um colossal esquema na Assembleia Legislativa do Pará
Por 16 anos, entre 1995 e 2011, Mônica Alexandra da Costa Pinto arrancou suspiros pelos corredores da Assembleia Legislativa do Pará. Alta, morena, de longos cabelos lisos e corpo sempre em forma, tinha 28 anos quando foi contratada para cuidar da emissão dos contracheques dos servidores. Mas em fevereiro deste ano, a funcionária, hoje com 44 anos, revelou-se outro tipo de musa. Abandonada pelos antigos chefes e por um namorado parlamentar decidiu ir ao Ministério Público revelar detalhes de um dos maiores esquemas de corrupção registrados recentemente no País. Um esquema criminoso que, entre 2003 e 2010, pode ter desviado mais de 80 milhões de reais do Legislativo paraense.
De Monica Lewinsky, que mantinha uma relação com a pélvis do ex-presidente Bill Clinton, dos Estados Unidos, a Mônica Veloso, ex-amante do senador Renan Calheiros, não foram poucos os exemplos de mulheres abandonadas que foram à forra contra seus antigos protetores. Poucas possuíam, no entanto, um arquivo de informações tão formidáveis como a dessa nova Mônica, que atualmente monopoliza as atenções da Justiça, da imprensa e da polícia do Pará. Por sete anos, ela foi a principal operadora de um esquema de fraudes da folha de pagamento da Assembleia. Os desvios são estimados em 1 milhão de reais por mês e, segundo ela, beneficiavam ao menos dois ex-presidentes da casa: o ex-deputado Domingos Juvenil, do PMDB, e o atual- senador Mário Couto, do PSDB.
Couto, um dos mais importantes aliados do atual governador do Pará, Simão Jatene, foi presidente da Assembleia Legislativa entre 2003 e 2007, justamente quando se estabeleceu a quadrilha especializada em alterar contracheques, fazer compras superfaturadas, fraudar licitações e assombrar o Legislativo paraense com funcionários fantasmas e servidores laranjas. Foi sucedido por Juvenil, que tornou o esquema ainda mais agressivo, mas perdeu o controle da situação e cometeu o grave erro de tentar substituir Mônica Pinto por um afilhado, no início do ano passado.
A falácia da anistia
O aumento da produção agrícola depende menos de uma reforma na legislação e mais de uma política de incentivo à inovação e produtividade
A controversa reforma no Código Florestal, que se arrasta no Congresso desde 2009, ganhou mais seis dias para discussão. Será votada na Câmara na terça-feira 10: Apesar de algumas concessões, o texto relatado por AldoRebe10 (PCdoB-SP) deverá alcançar seu principal objetivo: trazer para a legalidade os produtores rurais com irregularidades ambientais em suas propriedades.
Vários pontos do projeto estão definidos. O novo código vai legalizar a produção consolidada em Áreas de Preservação Permanente (APPs), como em topos de morros e margens de rios. São os casos do café cultivado no sul de Minas Gerais e do arroz irrigado em Santa Catarina.
Os produtores irregulares também poderão incorporar as APPs no cálculo da chamada reserva legal, a área de vegetação nativa da propriedade rural que não pod ser desmatada. O tamanho da reserva legal varia de região para região. É de 20% no Sudeste e chega a 80% da propriedade 11 a A m a zôn ia, porcentuais que serão mantidos.
O texto regulariza ainda a situação dos produtores que.tiverem uma reserva legal inferior às exigências atuais, mas que cumprirem a legislação da época em que a propriedade foi consolidada. E autoriza os ilegais a recompor a vegetação em sociedade, condomínio e mesmo em outros estados, desde que no mesmo bioma da área suprimida. Por fim, desobriga os pequenos agricultores (de um a quatro módulos rurais) a recompor as áreas de reserva legal já suprimidas. Para estes, será considerada reserva legal a área ainda preservada quando a nova legislação entrar em vigor.
Para onde vai a oposição?
Política Desarticulada, em guerra intestina, ele elege a inflação como tema para combater o governo Dilma
Na quarta-feira 4, um grupo de dez senadores oposicionistas decidiu abandonar o plenário “em protesto à aprovação, pela base governista, de uma medida provisória composta de nada menos que seis temas, Foi um gesto simbólico contra o excesso de MPs, mas também uma ação desesperada em busca de visibilidade, À frente do grupo, o senador tucano Aécio Neves acusou o governo de transformar o Congresso numa “caricatura” e “humilhá-lo”, Demóstenes Torres, do DEM, denunciou uma “ditadura branca” em curso no Pais, Ganharam minguadas linhas nos jornais.
Em crise consigo mesma pela ausência de um discurso alternativo ao projeto petista, dilapidada por disputas internas, a oposição se agarra à possibilidade da volta da inflação como o náufrago à tábua numa tormenta, Instalado em seu bunker virtual, o Twitter, o candidato derrotado à Presidência da República, José Serra, está cada vez mais isolado dentro do próprio partido, Em confronto com o presidente do PSDB,Sérgio Guerra, o minguado grupo serrista pode tentar apeá-lo do cargo, Ou não. Seja ela qual for, ninguém consegue imaginar com clareza a estratégia de Serra, que logo após a eleição de 2010 mostrava ímpeto para liderar a oposição a Dilma Rousseff.
A indexação do conservadorismo
Os reajustes salariais não são o combustível único que alimenta a inflação
DE VOLTA À PAUTA do dia, a inflação expôs um problema deixado sob o tapete há 16 anos, à época da criação do Plano Real: a indexação. Analistas de diferentes matizes alertam para os riscos associados a esse fenômeno, que consiste em atrelar os preços da economia aos reajustes efetuados no passado. Técnicos da equipe econômica do governo, especialmente no Ministério da Fazenda, esperam apenas por um consenso (leia-se: um aval da presidenta Dilma Rousseff) para tirar do papel medidas capazes de liberar alguns contratos, como os de aluguéis, das amarras a índices que não seriam os melhores reflexos da realidade de cada setor.
A remarcação automática dos preços pode amplificar e disseminar os efeitos dos choques de oferta que varreram o mundo no início de 2011. E, pior, atrasar o retorno do índice oficial de inflação, o IPCA, hoje acima de 6% ao ano, aos 4,5% do centro do sistema de metas. Embora espere um arrefecimento das pressões sobre os preços a partir deste mês, a equipe econômica surpreendeu-se com alguns dos indicadores divulgados em abril, acima do esperado.
Uma reação aos achaques
Em maio de 2006, uma onda de ataques promovidos pelo PCC deixou a capital paulista em pânico. A facção criminosa incendiou ônibus, metralhou delegacias e executou 43 policiais e agentes penitenciários. Em resposta à onda de terror, o governo paulista optou pela retaliação. Os confrontos deixaram o tenebroso saldo de 493 mortos em duas semanas. Cinco anos após o banho de sangue, um estudo realizado em parceria pela ONG Justiça Global e pela Clínica Internacional de Direitos Humanos da Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas dos EUA, lança luzes sobre o que, de fato, aconteceu naquele período.
O contundente relatório com 251 páginas aponta a corrupção policial como uma das principais causas dos ataques do PCC e revela indícios do envolvimento de policiais em 122 execuções em São Paulo. De acordo com o estudo, intitulado São Paulo Sob Achaque e divulgado na segunda-feira 9, a corrupção dos agentes públicos de segurança fortaleceu o PCC e o Estado falhou ao gerir seu sistema prisional realizando acordos com facções criminosas, ao não proteger seus agentes públicos, ao optar por um revide como resposta, ao acobertar os Crimes de Maio ou investigá-los de forma corporativista e ao apostar na expansão do sistema prisional como solução.
Na folha da CIA?
O delegado Daniel Lorenz deixou a Secretaria de Segurança do Distrito Federal sob a suspeita de integrar um esquema para difamar a comunidade árabe
AO PEDIR demissão do cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, em 19 de abril, o delegado federal Daniel Lorenz alegou não suportar “interferências políticas” na sua pasta. Lorenz estava havia apenas quatro meses no cargo. Fora indicado ao governador Agnelo Queiroz, do PT, pelo ex-diretor-geral da Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa. O governador petista não se mexeu, é fato, para impedir que o trabalho de Lorenz, ex-chefe do Serviço Antiterrorismo (Santel) e ex-diretor de Inteligência da PF, fosse atrapalhado pelo histórico conflito corporativo das polícias Civil e Militar de Brasília, nem pelas bancadas policiais que se digladiam na Câmara Distrital. Deixou o secretário cair de podre, mas tinha um motivo para tanto.
Lorenz não sabia, mas logo depois de indicado para o cargo, aliados petistas e da base do governo federal no Congresso Nacional fizeram chegar a Queiroz uma série de informações sobre as ligações do delegado com a CIA e com o ex-governador José Roberto Arruda, defenestrado do cargo, em 2009, por ter se metido no maior esquema de corrupção já documentado na história do Brasil.