Sacramentada a derrota de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para Eduardo Cunha (PMDB-RJ), eleito ontem (domingo, 1º) presidente da Câmara, o Palácio do Planalto iniciou mesmo antes da apuração de votos os contatos com o PMDB e membros da base aliada, com o objetivo de retomar o diálogo com setores rebelados no Congresso. Para a tarefa foram destacados ministros do PT em busca de um “pacto de governabilidade”.
Até o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), foi acionado para ajudar na força-tarefa. A estratégia petista foi discutida em um almoço oferecido pela presidente Dilma Rousseff a ministros mais próximos no Palácio da Alvorada, de onde a petista assistiu à eleição da Câmara. Estiveram no convescote, informa o jornal O Estado de S. Paulo, Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Defesa), Pepe Vargas (Relações Institucionais) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência).
A preocupação Planalto é garantir que projetos de interesse do governo tenham prioridade na Câmara e sejam aprovados sem muita polêmica em plenário. Em tempos de arrocho fiscal, Dilma e seus ministros vão negociar com Cunha o anunciado pacote de propostas onerosas para os cofres públicos – um exemplo é a extensão do orçamento impositivo, de execução obrigatória, para as chamadas emendas de bancada. No Senado, onde Renan Calheiros (PMDB-AL) derrotou Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e permanece no comando da Casa com o apoio do governo, a situação é mais favorável ao governo.
Leia também
“Não acredito que Eduardo Cunha vá agir como inimigo. Durante o processo eleitoral, ele rompeu alguns cercadinhos que eu não rompi, mas ninguém pode sentar na cadeira de presidente da Câmara e virar oposição”, disse Arlindo Chinaglia após a vitória de Cunha. O governo, porém, vai ficar “no limite da instabilidade”, disse. “Não se pode, depois da eleição, ser sangue pra todo lado. Vamos apostar no diálogo para garantir a governabilidade”, sustentou o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), um dos coordenadores da campanha de Chinaglia.