Mário Coelho
Os deputados acabaram de rejeitar o requerimento pedindo o adiamento da votação do projeto do ficha limpa para amanhã (5). A maior parte das bancadas da Câmara foi contra o pedido do PTB, do PP, do PMDB e do PR. Porém, na tentativa de evitar a votação ainda nesta noite, os quatro partidos derrotados entraram em obstrução, o que pode dificultar a análise do mérito. Com o esvaziamento do plenário, a análise pode ser adiada.
Veja a íntegra do projeto do Ficha Limpa
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O deputado Chico Alencar (PSol-RJ), contrário ao adiamento da votação do mérito para amanhã, afirmou que “há algo no ar além dos aviões de carreira”. Ao citar a frase do Barão de Itararé, questionou a manobra dos líderes que apresentaram o requerimento. Ele disse que, pelo fato de o projeto estar na Câmara há mais de sete meses, não é possível argumentar que a matéria não foi discutida suficientemente. “Ele recebeu várias emendas em plenário. Algumas emendas foram acatadas pelo relator Cardozo. Não dá para entender o requerimento. Mais um dia, volta para a CCJ, e lá o projeto pode ser desfigurado”, disparou.
Para a deputada Rita Camata (PSDB-ES), o requerimento era uma manobra para esvaziar o plenário e adiar a votação do mérito. Já Fernando Gabeira (PV-RJ), acredita que a matéria já está em condições de ser votada em plenário pelos parlamentares. “Isso está na nossa filiação partidária. Isso é uma necessidade, um mínimo para um partido político, não tem nada demais, nada de vanguarda”, afirmou o líder do Psol, Ivan Valente (RJ).
Líder de um dos partidos que assinaram o requerimento, Sandro Mabel (PR-GO), retrucou a declaração de Chico Alencar. Para ele, no céu estão apenas os aviões de carreira que carregam “as pessoas de bem, pessoas que não podem ser prejudicadas”. Para ele, existem brechas no projeto que podem prejudicar candidatos nas futuras eleições. “Queremos tirar da vida pública aqueles que não possuem condições. Mas temos que respeitar os prazos da CCJ”, afirmou Mabel, referindo-se ao prazo de duas sessões para recursos dentro da Comissão de Constituição e Justiça.
Miro Teixeira apresentou uma solução alternativa. Para ele, seria possível começara a apreciação da matéria hoje com a leitura do relatório pelo relator Cardozo. A análise do mérito e a apreciação dos destaques ficariam para amanhã. A sugestão ganhou o apoio do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), um dos signatários do requerimento. Porém, o presidente da sessão, ACM Neto (DEM-BA), ponderou que, para o acordo sair, seria preciso, primeiro, da retirada do documento. Depois de acordo de líderes, o que acabou não acontecendo.