Thomaz Pires
A onda de violência que atinge o Rio de Janeiro nos últimos dias mobiliza a Câmara. Os deputados Chico Alencar (Psol-RJ) e Luiz Couto (PT-PB) vão apresentar na Comissão de Direitos Humanos, na próxima semana, um requerimento propondo a formação de uma comissão parlamentar para visitar o estado e conversar com autoridades do governo estadual e entidades sobre o avanço da violência.
Os ataques e arrastões, que se espalharam pelo Rio, por cidades da Baixada Fluminense e atingiram também Niterói, seriam uma retaliação dos bandidos à criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que levaram o policiamento a várias comunidades dominadas pelo tráfico de drogas.
Chico Alencar externou hoje (25) preocupação com as ocorrências que dominam os noticiários desde o início da manhã. Segundo ele, a tese de que a violência se concentra em locais periféricos do Rio vai na contramão do alto número de ocorrências, registradas nos mais diferentes pontos da cidade.
“O problema não pode ser enfrentado pelo viés partidário, já que a barbárie atinge a todos, indiscriminadamente, e não tem viés político, propriamente”, afirmou o deputado. “Queremos colaborar com ações no âmbito federal e legislativo, a começar pela efetiva contenção do tráfico de armas e munições – também para as milícias – e pelas altas e pouco fiscalizadas movimentações financeiras do comércio delas e de drogas ilícitas”.
Durante seu pronunciamento, Chico Alencar foi duro e criticou as ações de segurança desenvolvidas pelos governos estaduais nos últimos anos. Na avaliação do deputado, a ação dos traficantes e crime organizado conseguiu avançar exatamente nas localidades onde houve total ausência do poder do Estado.
“O que há no Rio de Janeiro é uma política de segurança insuficiente e desorganizada – a despeito da inegável seriedade, franqueza e honestidade do secretário Beltrame e de algumas autoridades da atual cúpula da Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro”, completou o parlamentar.
Os ataques violentos que tomam conta do Rio tiveram início na tarde do último domingo (21), quando homens armados com fuzis atearam fogo em dois carros na Linha Vermelha, sentido Centro, na altura da rodovia Washington Luís.
Até esta tarde, dezenas de ônibus e carros foram queimadas e cabines policiais foram alvos de tiros, o que provocou transtornos no tráfego da cidade e interrupção de aulas em diversas escolas cariocas.