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Como o Congresso em Foco revelou em 10 de julho, denúncias de agenciamento de operários, confinamento, assédio moral, maus tratos e demais infrações trabalhistas foram levadas à CPI e à Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara, que atuam em parceria nas investigações – prontamente negados pelo consórcio e pela Camargo Corrêa. As informações foram levadas em depoimento à CDH, em 4 de julho, por um representante do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo), José Pimenta, que acompanhou o operário Raimundo Braga Souza, 22 anos, ex-operário do empreendimento que resolveu delatar os supostos abusos.
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Em entrevista a este site, o presidente da CPI do Tráfico de Pessoas, Arnaldo Jordy (PPS-PA), disse que o empreendimento não pode continuar nos moldes atuais. “É inaceitável. É um relato surreal o que ouvimos do Raimundo, um trabalhador aliciado por um ‘gato’ no interior do Piauí e atraído por conta da sua baixa escolaridade e refém das estatísticas absurdas de desemprego do Brasil. Ele ficou um mês lá e gastou todas as economias que levou, e depois ficou submetido às condições sub-humanas verificadas”, declarou o deputado, para quem o governo tem parcela de culpa ao não monitorar as condições de trabalho em Jirau.
O deputado Arnaldo Jordy é o autor do requerimento da audiência pública. Segundo o parlamentar, as práticas irregulares são executadas, principalmente, pelos chamados “gatos” no Nordeste Tais agenciadores, segundo a denúncia, exploram indivíduos sem preparo e os submetem a toda sorte de maus tratos, a começar pela cobrança de taxas de contratação em algum dos setores das obras de Jirau. Uma vez empregados, ainda de acordo com a denúncia, os trabalhadores passam por situações desumanas que envolvem até a Polícia Civil de Rondônia.
Por meio da assessoria de imprensa, a Camargo Corrêa entrou em contato com a reportagem e garantiu não recorrer ao expediente dos “gatos” nas contratações, mas sim obedecendo à legislação trabalhista em vigor. Ainda segundo a empresa, a foto que estampa esta reportagem, feita em uma das instalações do canteiro de obras e repassada ao site pelo vice-presidente da CDH, deputado Padre Ton (PT-RO), retrata ambiente que não está sob responsabilidade da Camargo Corrêa.
Também prestarão depoimento àquele colegiado o operário Raimundo Braga, que retorna à comissão, a diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos, Irmã Rosita Milesi, e o juiz titular da 2ª Vara Criminal da Comarca de Porto Velho, Valdecir Castelar Citon.