No início dos trabalhos da CPI, Cunha compareceu espontaneamente à comissão. Mas a reunião virou uma sessão de desagravo ao peemedebista. Parlamentares da base aliada e da oposição não o questionaram e apenas se limitaram a elogiá-lo. De lá pra cá, porém, as suspeitas que recaem sobre ele aumentaram.
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O presidente da Câmara anunciou, neste sábado (1º), que vai acionar a Procuradoria Parlamentar para interpelar judicialmente a advogada Beatriz Catta Preta, que disse ter recebido ameaças veladas de integrantes da CPI. Segundo ela, as intimidações se intensificaram após o depoimento de um de seus clientes, o lobista Júlio Camargo, que acusou Eduardo Cunha de lhe pedir US$ 5 milhões em propina por um contrato de navios-sonda com a Petrobras. Cunha disse que a advogada vai ter de apontar de onde vieram as ameaças. Do contrário, será processada na Justiça por não ter citado nomes e ter lançado suspeitas sobre toda a CPI e a própria Câmara.
Para Ivan Valente, a CPI tem de priorizar o depoimento de Júlio Camargo, um dos delatores do esquema. A convocação dele já foi aprovada pela comissão. “A CPI precisa ouvir quem interessa. Vamos propor o agendamento imediato da oitiva de Júlio Camargo”, defende o parlamentar.
O deputado também pretende apresentar requerimentos solicitando os arquivos de vídeo que registram a entrada e a saída de Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano – apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção – na Câmara. O Psol defende o afastamento de Cunha do cargo para evitar manipulação das investigações que envolvem o seu nome.
Ivan Valente vai propor, ainda, a convocação de representante da empresa de investigação Kroll no Brasil para esclarecer o acordo feito pela companhia com a CPI. Segundo reportagem do jornal O Globo, a Kroll está devassando os depoimentos de quatro delatores. O objetivo de aliados do peemedebista, segundo o jornal, é encontrar contradições e falhas nas delações para tentar derrubar as denúncias contra Cunha.
“É inaceitável que as investigações pagas com dinheiro público permaneçam restritas a dois deputados da comissão e sejam mantidas em segredo pelos próximos cinco anos, devido à classificação de sigilosa decretada por Cunha. A representante da Kroll precisa dar explicações sobre o contrato, quem são os nomes investigados, qual o foco das investigações”, critica o deputado.