O deputado Mário de Oliveira (PSC-MG) divulgou nota hoje (26) se defendendo das acusações da Polícia Civil de São Paulo, de que ele teria contratado matadores profissionais para assassinar o também deputado Carlos Willian (PTC-MG).
Segundo Oliveria, o envolvimento de seu nome no caso não passa de uma “montagem”. “Sem dúvida nenhuma, tudo isso será esclarecido. É preciso que os fatos sejam apurados para ver o que está acontecendo”, declarou a jornalistas no Salão Verde da Câmara.
Um pouco depois, o deputado Carlos Willian subiu à tribuna para falar sobre o episódio. Ele disse ter solicitado uma audiência com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie. O processo está sendo investigado pela Suprema Corte, já que os deputados têm foro privilegiado. Willian, que pediu proteção policial, afirmou que existe um “plano sórdido” para matá-lo, que seria executado por uma “quadrilha de matadores profissionais”. Segundo ele, desde fevereiro que estão querendo matá-lo.
Em reposta, Mário de Oliveira também respondeu da tribuna: “Não sou um parlamentar influente, mas não ia jogar fora minha carreira. Não sou idiota para contratar matadores por telefone”, disse. Segundo ele, a maioria dos parlamentares têm o telefone grampeado.
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O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), determinou hoje a abertura de uma sindicância para que se apure o caso. Ela será coordenada pelo corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), e será composta por mais cinco deputados. A sindicância deve durar um mês.
A Corregedoria da Câmara analisa desde fevereiro uma representação contra Mário de Oliveira, aberta a pedido de Willian. Há ainda um processo na Justiça por danos morais.
Entenda o caso
De acordo com investigações da Polícia Civil de São Paulo, o deputado Mário de Oliveira, que é presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular, contratou, por R$ 150 mil, o pistoleiro Alemão para matar Carlos Willian.
A última tentativa de assassinar Willian teria ocorrido na última quinta-feira, na MG-10, estrada que liga o aeroporto de Confins a Belo Horizonte. O deputado veio de Brasília na comitiva do presidente Lula e não em vôo de carreira.
Em depoimento à policia, Odair da Silva, freqüentador da Igreja do Evangelho Quadrangular, contou que contratou o pistoleiro a pedido do chefe de comunicação da igreja, Celso Braz do Nascimento, subordinado de Oliveira.
As desavenças ente Carlos Willian e Mário de Oliveira começaram por conta da administração da Fundação Educativa Quadrangular. As divergências se intensificaram quando Oliveira não conseguiu se eleger senador em 2002 e Willian foi o deputado federal mais votado entre os candidatos da Igreja Quadrangular.
Por decisão de Mário de Oliveira, Willian deveria renunciar ao cargo para que em seu lugar assumisse o suplente Antônio Carlos de Moraes, vereador e pastor da igreja em Ipatinga. Oliveira, no entanto, nega que tenha pedido que ele renunciasse. Willian acabou tomando posse, mas foi suspenso de todas as atividades que exercia na Igreja do Evangelho Quadrangular.
Em 2006, já longe da igreja, Carlos Willian se reelegeu. Na mesma eleição, Mário de Oliveira voltou à Câmara para o sexto mandato. No dia da posse, em fevereiro de 2007, Willian diz ter sido ofendido por Oliveira, por isso entrou com a representação contra ele na Corregedoria e com um processo por danos morais. (Lucas Ferraz)