O deputado estadual Álvaro Lins (PMDB-RJ) e o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), são acusados pela Polícia Federal de uso de caixa dois na campanha eleitoral de 2006. A PF localizou uma relação de despesas da campanha conjunta dos dois durante a Operação Gladiador, mas nenhum dos gastos listados foi incluído na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral, o que configura crime eleitoral.
Segundo do jornal O Globo, a polícia encontrou uma discrepância de pelo menos R$ 200 mil entre a prestação de contas oficial e a relação de gastos. Na lista de despesas são citados gastos com aluguel de ônibus, viagens, publicidade, gasolina, comida, cabos eleitorais e bicicletas. Em uma conversa grampeada entre auxiliares de Álvaro Lins a PF encontrou, ainda, indícios do aluguel de um jatinho.
A lista informal também registra gasto de R$ 147 mil na "dobradinha Álvaro Lins/Leonardo Picciani", valor que não foi registrado "na campanha de Lins e nem mesmo na de Leonardo Picciani".
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Em uma conversa grampeada pela PF, Marinho, administrador financeiro da campanha de Lins, e o inspetor de polícia Vicente tratam do envolvimento de Picciani com o desvio. No dia 21 de agosto de 2006, às 9h21, Vicente estava trocando um carro alugado no Aeroporto Internacional Tom Jobim, que supostamente seria usado na campanha de Picciani e Álvaro Lins, enquanto conversava com Marinho: "Olha só, cara, eu to passando uma planinha aqui que eu vou pra uma reunião agora com o Picciani", conta Marinho.
"Não bastando essas robustas provas, também se interceptaram diálogos, no curso da Operação Gladiador, que transparecem a captação de recursos não contabilizados", diz o relatório da PF. Nas conversas, segundo O Globo, são feitas referências à "dinheirama do Garotinho", ex-governador do Rio acusado de beneficiar um grupo de excedentes de concurso da Polícia Civil em troca de votos. (Carol Ferrare)