No último dia 28 de junho, o plenário da Câmara, apesar de esvaziado, foi palco de pregação da palavra de Deus pelo deputado Cabo Daciolo (PTdoB-RJ) a seis homens. Conhecido por fazer menções bíblicas em seus discursos, o parlamentar, que gravou o momento, aproveitou para mandar recado ao presidente Michel Temer: “Chega de corrupção. Os senhores vão cair”.
“Presidente, Deus dá exemplo à humanidade. O que tá acontecendo é que neste exato momento o senhor vai ser um exemplo para toda a humanidade. Vai dar temor no povo, quando eles visualizarem o que Deus vai fazer, o que Deus tá por fazer. O exemplo é: não tem como adorar a Deus e ao dinheiro. Chega de corrupção. Os senhores vão cair. Todos que estão ao redor do senhor, achando que estão fortes, protegidos e que podem tudo, não podem! Não podem! Deus está no controle”, diz o deputado.
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Antes mesmo de iniciar a mensagem, Daciolo justifica que a palavra é uma resposta ao pronunciamento de Temer, quando ele disse não saber como Deus o colocou na presidência. A declaração do presidente foi dada em seu primeiro pronunciamento após a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra ele por corrupção passiva.
Na ocasião, Temer disse: “Não sei como Deus me colocou aqui [na Presidência], dando-me uma tarefa difícil, mas certamente para que eu pudesse cumpri-la”. No vídeo, Daciolo rebate a declaração: “Todas as autoridades são constituídas por Deus. Deus coloca e Deus tira”.
O deputado fazia a pregação junto com outros seis homens. Sobre o encontro, ele disse ter sido marcado por Deus, e que se tratava de um movimento chamado “jovens na política”. “Deus e religião não combinam. Política e religião não combinam. Agora, política e Deus combinam!”, disse Daciolo que, ao fazer a afirmação, se voltou aos homens e orientou que o “único caminho” para entrar na política é “servindo a Deus”. A reportagem tentou contato, mas até o fechamento da matéria ainda não havia conseguido falar com o deputado.
Novato como deputado, Daciolo é conhecido por suas frases e polêmicas envolvendo religião na Casa. Em seus primeiros meses de mandato, no início de 2015, Daciolo se envolveu em duas polêmicas com dirigentes partidários do Psol, partido pelo qual foi eleito: a defesa de policiais presos acusados pelo desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, no Rio, e a apresentação de uma proposta de emenda que remete a Deus, e não mais ao povo, o poder máximo conferido pela Constituição Federal. Pelas polêmicas, a legenda decidiu expulsar Daciolo, que hoje está no PTdoB. Vinculado a militares e religiosos, o deputado nega ser reacionário – define-se como “evolucionário”.
PublicidadeAssista ao vídeo gravado pelo deputado:
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