Reportagem publicada neste sábado (5) pela revista Veja afirma que o vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), atuou com o doleiro Alberto Youssef para a assinatura de um contrato entre uma empresa de Youssef e o Ministério da Saúde.
A revista diz ter tido acesso a trechos de mensagens trocadas entre o parlamentar e o doleiro, interceptadas em investigação da Polícia Federal (PF).
Conforme a reportagem, as investigações mostram que Vargas ajudava o doleiro – preso em março último na operação Lava-Jato — a localizar projetos dentro do governo pelos quais poderia ser desviado dinheiro público. A operação, da PF, apura esquema de lavagem de dinheiro.
Ainda de acordo comVeja, uma interceptação feita pela PF em 19 de setembro de 2013 mostra Vargas e o doleiro conversando sobre um contrato que a empresa Labogen, de Youssef, pretendia fechar com o Ministério da Saúde para fornecimento de remédios.
O Labogen, segundo a revista, é um laboratório de fachada, com estrutura pequena. Para conseguir fechar o contrato com o governo, a empresa buscou parceria com a EMS, grande companhia farmacêutica especializada em medicamentos genéricos.
No diálogo, de acordo com Veja, Vargas contou para Youssef sobre encontro com um integrante do Labogen, Pedro Argese, que teria informado o deputado sobre a proximidade da conclusão da parceria com a EMS.
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“Estamos mais fortes agora. Vi o documento com o Pedro. Ele estava no voo de volta de Brasília. Bati um longo papo com Pedro e ele estava com documento de parceria com a EMS”, completou Vargas.
Youssef então disse para Vargas: “Cara, estou trabalhando, fica tranquilo, acredite em mim. Você vai ver quanto isso vai valer tua independência financeira e nossa também, é claro”.
Em 20 de setembro de 2013, conforme a reportagem,Youssef revelou dificuldades ao petista. “Estou enforcado. Preciso de ajuda para captar… tô no limite”. Na sequência, o deputado respondeu: “vou atuar”.
Também segundo a Veja, técnicos do Ministério da Saúde, naquele mesmo dia, foram destacados para certificar o Labogen. E órgão acabou firmando com a Labogen uma parceria para desenvolvimento produtivo (PDP).
Só amizade
Por meio de nota, o deputado alegou ter uma relação de amizade de muitos anos com o doleiro. “Todas as ilações decorrentes disso estão servindo de julgamento pela imprensa, com fatos do passado, usando informações do presente”, consta da nota. Disse ainda que está tranquilo e à disposição para qualquer esclarecimento.
Já o Ministério da Saúde informou que o negócio com as empresas foi suspenso. E eu não houve repasse de dinheiro porque o contrato com a Lobogen e a EMS não chegou a ser fechado. O o órgão informou também que foi aberta uma investigação interna para apurar o caso.
O jornal Folha de S. Paulo informou hoje que a PF suspeita que a MO Consultoria, uma empresa de fachada controlada pelo doleiro, servia para repassar propina para funcionários públicos e políticos. De acordo com a reportagem, nove fornecedores da Petrobras depositaram R$ 34,7 milhões na conta da empresa.