Acusado pela CPI dos Sanguessugas de ter recebido cerca R$ 92 mil da Planam, empresa central da máfia das ambulâncias, o deputado Josué Bengston (PTB-PA) anunciou ontem sua desistência de concorrer à reeleição para a Câmara dos Deputados.
Bengston, que é evangélico, garantiu que vai deixar a vida pública. "Encerro minha missão parlamentar"’, disse ele aos fiéis, após pregação em que falou de provações mencionadas na Bíblia e da capacidade de cada um de enfrentá-las. "Não se sintam desqualificados quando passarem por lutas", encorajou, sob constantes aplausos.
O deputado paraense disse que o motivo da desistência é de foro íntimo. "Poderia concorrer mas, como pastor, não me senti confortável, tendo que responder ao Conselho de Ética (da Câmara dos Deputados)", comentou. O petebista afirmou que quem ganhará com sua renúncia será a própria igreja a qual ele pertence (Igreja do Evangelho Qadrangular) porque vai se empenhar na construção de um novo templo.
Apesar de considerar que foi muito útil ao Pará e a diversos municípios do estado, Bengston declarou que não pretende mais disputar cargos eletivos. "Encerrei. Ponto Final. Cumpri minha missão e saio tranqüilo, em paz", continuou o deputado que descartou ter havido pressão para a desistência".
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Com a renúncia de Bengtson à candidatura, ficará vago o lugar de representante da Igreja do Evangelho Quadrangular paraense nas eleições deste ano. Por decisão dos pastores, o deputado estadual Martinho Carmona (PDT) é o único nome com apoio dos quadrangulares, mas para a Assembléia Legislativa do Estado.
Segundo Carmona, 38 superintendentes da Igreja Quadrangular (com o aval dos 2.100 pastores) deram a Bengtson a liberdade para decidir pela disputa ou não. "Não houve polêmica. Ele é que decidiu. Os fatos o deixaram muito desconfortável, mas foi mal que veio para o bem, porque ele vai dar tempo integral para a construção do novo templo", disse.
Carmona disse ainda que, em respeito a Bengtson, a Quadrangular não terá candidato a deputado federal. O nome do vereador Everaldo Moreira chegou a ser mencionado, relatou, mas foi descartado porque não haveria tempo de submetê-lo à consulta prévia realizada um ano antes das eleições.
Por volta das 10h30, o parlamentar deu início às primeiras discussões com a cúpula da igreja, presidida por ele, para definir se deixaria de participar ou permaneceria na disputa pela reeleição na Câmara Federal neste ano.
A defesa de Bengtson foi reforçada pelo deputado estadual Martinho Carmona (PDT), que acompanhou a entrevista. Carmona inclusive que ressaltou o apoio da alta cúpula da Igreja à posição de Josué Bengtson. "A liderança dele é incontestável",ressaltou.