O deputado, que circula sob proteção da Polícia Federal há quatro anos, disse que foi surpreendido ao desembarcar em João Pessoa na última sexta-feira (27), um dia após ter recebido o Prêmio Congresso em Foco como um dos parlamentares que mais se destacaram em 2013 no combate ao crime organizado.
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“Fui imediatamente notificado pela Superintendência Regional da Polícia Federal para suspender todas as atividades públicas previstas para o final de semana porque, palavras textuais do delegado responsável e subscritor do documento, havia uma majoração do risco à integridade física deste parlamentar”, afirmou o deputado.
Seguindo orientação da Polícia Federal, Luiz Couto cancelou os compromissos que teria no estado, inclusive uma viagem que faria ao interior, no último final de semana. O despacho foi encaminhado ao deputado pelo delegado federal José Olegário Pereira Nunes. Com o mandato à frente da Ouvidoria concluído ontem, Valdênia deixou a Paraíba no último final de semana, sob proteção policial, por orientação da PF.
Em seu discurso (veja a íntegra), feito ontem (30) à tarde, o petista disse ter recebido a informação de que um ex-cabo da Polícia Militar, preso na Operação Squadre, seria o mentor do plano. O ex-policial é condenado por homicídio. Deflagrada em novembro do ano passado pela Polícia Federal, a operação resultou na detenção de 20 policiais militares e civis, acusados de participação em grupos de extermínio e de venderem ilegalmente armas e munições.
Denúncias contra secretário
PublicidadeParte do dinheiro destinado ao pagamento pelas duas execuções, afirma o deputado Luiz Couto, circulou numa viatura da Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba, que teria se deslocado até Pernambuco para buscar R$ 300 mil. Segundo ele, somente o secretário de Administração Penitenciária, Walber Virgolino da Silva Ferreira, poderia autorizar a circulação do veículo. Walber afirmou à rádio CBN João Pessoa que as denúncias feitas pelo deputado eram “mentirosas” e que não iria falar sobre o assunto para não “alimentar” as acusações feitas pelo deputado.
“Outra denúncia que recebi é que o secretário Virgolino teria visitado a primeira Superintendência de Polícia Civil da Paraíba e prometido soltar o sargento Arnóbio, que responde a processos por envolvimento com grupos de extermínio na Paraíba”, declarou Luiz Couto. O deputado ainda pediu ao governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), e à Superintendência da Polícia Federal no estado que apurem as denúncias.
Histórico de ameaças
Padre ligado à chamada Teologia da Libertação, Luiz Couto foi relator na Câmara da CPI que denunciou a ação de grupos de extermínio no Nordeste, em 2005. Desde então, o deputado já recebeu diversas ameaças de morte. Em 2009, passou a receber proteção da Polícia Federal após ser apontado como o próximo alvo pelo suspeito de ser o mandante do assassinato do advogado Manoel Bezerra Mattos Neto, morto com dois tiros quatro anos atrás, na divisa entre Paraíba e Pernambuco. Militante dos Direitos Humanos, Manoel Bezerra assessorou a CPI.
Em entrevista concedida ontem ao Congresso em Foco, o deputado contou que as primeiras ameaças surgiram quando ele ainda era deputado estadual. Na ocasião, dois pistoleiros chegaram a contar que foram a João Pessoa, mas desistiram de concluir o serviço após saberem que as vítimas – Luiz Couto e o deputado estadual Frei Anastácio – eram um padre e um frade. “Recuaram. Disseram que dava azar”, diz o deputado.
Quando relatava a CPI dos Grupos de Extermínio no Nordeste, que pediu o indiciamento de mais de 300 pessoas, entre policiais, comerciantes e políticos, Luiz Couto diz que perdeu a conta do número de telefonemas ameaçadores que recebeu. “Ligavam várias vezes em casa de madrugada. Ficavam em silêncio e depois colocavam o som de uma metralhadora. E diziam: é isso que você vai receber.” Ele relata também ter recebido diversas vezes recados de teor intimidatório por meio de conhecidos. “Uma vez mandaram me perguntar se eu sabia qual era o peso de uma jamanta, pois uma iria passar por cima de mim.”
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