Mário Coelho
O deputado distrital Benedito Domingos (PP), um dos envolvidos no mensalão patrocinado pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), tem patrimônio de R$ 2,5 milhões. De acordo com sua declaração de bens dada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2006, o pepista possui imóveis residenciais, comerciais e até rurais na capital do país. Isso contrasta com o discurso feito pelo parlamentar no início da noite desta quarta-feira (9) na tribuna da Câmara Legislativa do DF.
Benedito, ao tentar se inocentar de ter participado do mensalão do Arruda, afirmou que leva uma vida simples, “que paga quatro aluguéis”. Em seus depoimentos no inquérito 650-DF, que ampara a Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa afirma que Benedito recebeu R$ 6 milhões para participar da campanha de Arruda em 2006. Benedito, então candidato a distrital, usaria esse dinheiro para financiar campanhas do partido. “Se fosse todo esse dinheiro, precisaria de um carro forte”, afirmou.
Entre os bens declarados pelo pepista, estão um sítio em Taguatinga, no valor de R$ 624.575,38, além de outros seis imóveis residenciais na mesma cidade, base eleitoral do deputado. Benedito ainda possui seis automóveis, e possui capital em uma empresa de turismo. No total, seus bens chegam a R$ 2.566.863,47, somando carros, casas, salas comerciais e aplicações financeiras.
Segundo Benedito, o dinheiro da sua campanha foi repassado pela coligação, nada passou por ele. “Eles receberam apoio para serviços de grafica, para pagar gasolina”, disse o distrital. Apesar das denúncias, ele disse que não vai parar com a vida pública. “Já estou no crepúsculo da minha vida. Quero morrer com a dignidade e com o caráter que eu nasci”, disse. Até o momento, o pepista não atendeu os pedidos de entrevista do site.
Defesas
Após a votação de projetos considerados sociais pelos distritais, como créditos suplementares e de nomes para trabalhar nos Conselhos Tutelares, os deputados usaram a tribuna da Casa para se defender. O primeiro foi Roney Nemer (PMDB). Ele é um dos oito parlamentares em atividade na Câmara citados no inquérito da Operação Caixa de Pandora. Ele negou todas as acusações e disse que vai se explicar no tempo certo.
Aylton Gomes (PMN) disse que colocou à disposição suas declarações de renda e seus bens para futuras investigações. “Não fui investigado nesse caso, não houve busca e apreensão na minha casa”, afirmou o deputado. O distrital negou conhecer Durval Barbosa. Ele foi citado pelo ex-secretário de Relações Institucionais em diálogos gravados com autorização do STJ.
Já a líder do governo, Eurides Britto (PMDB), e o ex-presidente da Casa Alírio Neto (PPS) – que não foi citado no inquérito – atacaram a imprensa. Eurides disse que não fala sobre o caso por orientação dos seus advogados. E, do pouco que pode falar, “foi tudo distorcido”. Alírio Neto, ex-delegado de polícia, lembrou dos casos da Escola Base e do ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro.
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