“Presidente, a senhora esqueceu Minas Gerais, nunca mais foi lá”, provocou Ramalho. Dilma ouviu e nada falou. O deputado não desistiu e aproveitou para fazer lobby pela indicação do desembargador mineiro Afrânio Vilela, seu amigo, para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde o ano passado o nome do juiz compõe a lista tríplice que está na mesa da presidente para a nomeação. Caminhando ao lado de Dilma e de vários ministros em direção ao plenário onde a sessão solene seria realizada, Ramalho insistiu: “A bancada mineira tem um candidato ao STJ e a senhora não indica”.
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A cobrança no momento impróprio irritou a presidente, que respondeu de pronto, segundo o deputado: “Vocês vão ter que suportar quem eu indicar”. Cabe à presidente da República indicar ao Senado os nomes dos candidatos a ministro para sabatina e, posterior, nomeação.
Em seu terceiro mandato na Câmara, Fábio Ramalho contou ao Congresso em Foco que retrucou a presidente no mesmo tom e sem tratar a chefe do Executivo com cerimônia: “Você vai ter que suportar meu dedo e o de toda a bancada mineira nas votações contra o governo”.
A presidente ignorou a ameaça e seguiu para fazer seu discurso. Natural de Belo Horizonte, mas com carreira política construída no Rio Grande do Sul, Dilma teve em seu estado natal uma contribuição decisiva para sua reeleição, em 2014. A petista venceu o ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) nos dois turnos.
Na primeira rodada de votação, alcançou 43,48% dos votos válidos do eleitorado mineiro contra 39,75% de Aécio. No segundo turno, a vitória da petista foi de 52,41% contra 47,59%. O resultado acabou sendo decisivo para a renovação do mandato da presidente, já que a diferença entre os dois foi de cerca de 3 milhões de votos em todo o país.
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