Fábio Góis
A Câmara deve votar nesta terça-feira (22) o Projeto de Lei 4208/01, que promove a reforma do Código de Processo Penal. Uma das principais polêmicas é em relação à prisão especial para autoridades. Ao defender a manutenção do privilégio durante reunião do DEM, no início da tarde, o deputado Júlio Campos (MT) deu uma declaração de viés racista.
Todo mundo sabe que essa história de foro privilegiado não dá em nada. O nosso amigo Ronaldo Cunha Lima precisou ter a coragem de renunciar ao cargo para não sair daqui algemado. E depois, meus amigos, você cai [sic] nas mãos daquele moreno escuro lá no Supremo, ai já viu, disse Júlio, em referência ao ministro Joaquim Barbosa e criticando a suposta falta de proteção mútua entre os deputados. As informações são do blog Poder Online, que estava presente à reunião.
Ex-governador e ex-senador por Mato Grosso, Júlio defendia o colega tucano Ronaldo Cunha Lima em relação à acusação de tentativa de assassinato do governador da Paraíba Tarcísio Burity.
Depois da reunião, Júlio disse que havia dito ilustre ministro moreno escuro, e negou qualquer matiz racista na declaração. Não foi por maldade, foi porque eu não me lembrava [do nome de Joaquim Barbosa], justificou.
Pai do ex-governador paraibano Cássio Cunha Lima, Ronaldo renunciou ao mandato de deputado em 2007, na véspera de seu julgamento, alegando que queria ser julgado como um cidadão comum.
O ministro Joaquim Barbosa era o relator do caso no Supremo Tribunal Federal. O parecer do então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, era pela condenação. Com a renúncia, o processo de Ronaldo Cunha Lima voltou à Justiça da Paraíba depois de tramitar por 12 anos sem uma definição do STF.
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