Daniela Lima
Foi frustrante o depoimento do delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga escutas clandestinas.
Ao falar esta tarde (8) por mais de três horas aos deputados que compõem o colegiado, Protógenes trouxe poucas informações. Ao invés de “dar nome aos bois”, como havia prometido, ele preferiu usar por mais de 25 vezes a expressão “me abstenho de responder”, ressalvado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal.
A expectativa era grande. Tanto os deputados quanto o delegado foram preparados para o confronto. Protógenes estava amparado por três advogados que lhe sopravam orientações ao ouvido, e por duas dezenas de militantes que, com camisas coloridas, o exaltavam como agente “contra a corrupção”.
Os parlamentares, por sua vez, foram munidos de perguntas embasadas pelo noticiário político nacional. Ficaram sem resposta, para maioria delas. No ponto alto do depoimento, Protógenes afirmou que as investigações da Operação Satiagraha não trataram do filho do presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Antes de eliminar as suspeitas sobre a ministra, Protógenes fez suspense. Questionado pela primeira vez se as apurações da Satiagraha envolviam Dilma Rousseff ele usou sua frase predileta no depoimento: “Me abstenho em responder, em nome do sigilo”. Pouco depois, novamente questionado pelos parlamentares, disse que havia entendido mal a pergunta e foi categórico: “Ela não foi investigada.”
Barraco parlamentar
Antes do início do depoimento de Protógenes, o clima era tenso na sala onde aconteceu a reunião da CPI. O presidente da comissão, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) e o deputado Chico Alencar (PSol-RJ) trocaram ofensas.
Alencar questionou Itagiba sobre um telão que estava colocado na sala do depoimento, em que deveriam ser exibidas as contradições das informações prestadas pelo delegado á Comissão. “Isso está constrangendo o depoente”, disse o parlamentar do PSol, que cobrou, ainda, uma data para a convocação do banqueiro Daniel Dantas à CPI.
O presidente da CPI não gostou da colocação do colega e respondeu dizendo que ele integrava a comissão havia pouco tempo e que não protegia ninguém. Alencar subiu o tom da conversa e atacou. “Cheguei agora na comissão, mas não cheguei agora na vida.”
Os deputados seguiram discutindo na frente do delegado da PF. Em determinado momento, Alencar atacou: “Não sou eu quem recebeu doação de campanha de gente ligada ao Daniel Dantas”.
Itagiba respondeu à altura.
“Também não sou eu quem usa verba do gabinete para financiar empresas”. A troca de farpas gerou um burburinho na sala da comissão. Neste momento, o relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), interveio e pediu calma aos colegas, que o atenderam e encerraram a discussão.
Leia também