Edson Sardinha
Denunciada à Justiça por manter 1.064 trabalhadores em condição análoga à de escravo, a Pagrisa rebate veementemente que tenha submetido seus funcionários a situações extremamente degradantes e acusa os fiscais do Ministério do Trabalho de relatarem irregularidades inexistentes.
Com uma “resposta ponto-a-ponto” às denúncias feitas pelo grupo móvel de fiscalização do ministério e dois vídeos – nos quais divulga trechos de declarações dos próprios fiscais trabalhistas e depoimentos de seus empregados –, a empresa diz que vai defender até as últimas instâncias a sua imagem e reputação. “É um espetáculo para a mídia”, acusa o locutor em um dos dois vídeos (veja).
Em sua defesa, a Pagrisa argumenta que oferece alojamentos, banheiros e refeitórios para os empregados e que apenas em “casos excepcionais” descontou mais que 25% dos salários de seus empregados, “em função do fornecimento de refeições antes de a contratação ser efetivada”.
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A direção do grupo argumenta ainda que subsidia 60% do valor da refeição servida aos seus funcionários e que oferece atendimento médico e odontológico aos seus contratados. A Pagrisa contesta ainda a denúncia do Ministério do Trabalho de que seus funcionários trabalhavam das 4h às 18h. A empresa alega que a jornada de trabalho na colheita da cana começa às 6h e termina “impreterivelmente” às 16h.
Apresentando-se como “uma empresa ética, de boas práticas trabalhistas e relacionamento transparente com a sociedade paraense”, a Agripisa diz condenar “qualquer prática que caracterize tratamento desumano, depreciativo, degradante e muito menos análoga à condição de trabalho escravo”.
Em nota publicada no último dia 7, a direção da empresa comemora o crescimento de 69% na produção de açúcar e de 19% na produção de álcool, recorde alcançado em agosto. “Foram moídas 118 mil toneladas de cana e produzidos 6,4 milhões de litros de álcool e 112 mil sacos (50kg cada) de açúcar”, diz o texto.
Ao longo de todo o ano, a empresa estima produzir 35 milhões de litros de álcool e 600 mil sacos de açúcar. Ainda de acordo com o texto, o presidente da empresa, Marcos Zancaner, atribui o bom desempenho da Pagrisa, sobretudo, ao “esforço coletivo” dos empregados, “que estão sabendo superar as dificuldades criadas pelas denúncias fraudulentas dos agentes do Ministério”.
Ainda de acordo com o site da empresa, a Pagrisa gera 1.800 empregos diretos e outros 7.200 indiretos.