Conforme prometeu, a diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu abriu processo hoje (10) contra o brigadeiro José Carlos Pereira. Em entrevista, o ex-presidente da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) disse que ela beneficiou um amigo ao pressionar a transferência do setor de cargas dos aeroportos de São Paulo e Campinas para Ribeirão Preto.
A ação foi aberta na manhã de hoje na 2ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro. Segundo o advogado de Denise, o criminalista Roberto Podval, a intenção é que Pereira explique suas declarações ao jornal O Globo. “Queremos que ele confirme ou não, ou que se retrate”, disse Podval ao Congresso em Foco.
Caso o ex-dirigente da Infraero reafirme as denúncias ou não se explique da maneira desejada, será aberto um novo processo, para que ele responda pelo crime de calúnia. Em caso negativo, Podval ainda estuda o que fazer.
De acordo com Pereira, Denise pressionou para que os setores de transporte de cargas dos aeroportos de Viracopos (Campinas) e Congonhas (São Paulo) fossem transferidos para Ribeirão Preto. Em troca, beneficiaria um amigo, o empresário Carlos Ernesto Camargo, da Terminais Aduaneiros do Brasil (Taed).
Contradição
Em nota, a diretora da Anac disse que a denúncia não procede, pois o aeroporto de Ribeirão não comportaria um terminal de cargas. “É impossível transferir operações de cargueiros para este aeroporto, pois ele não detém infra-estrutura para esse tipo de operação”, disse Denise. A nota se contradiz com outra declaração da diretora. Em entrevista à Agência Brasil, em 25 de junho, Denise disse o contrário:
“Vamos transformar o aeroporto de Ribeirão Preto em um aeroporto eminentemente cargueiro, de forma que possamos transferir alguns vôos de Guarulhos para Viracopos, e alguns de Congonhas para Guarulhos”, afirmou ela, segundo a agência do governo federal.
Casos distintos
Questionado sobre a contradição, o advogado da diretora da Anac afirmou que são situações distintas. “O mérito da questão [a transferência do setor de cargas] é um assunto técnico. Isso é diferente de dizer que ela tem interesses pessoais nisso”, respondeu Podval.
Na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, Denise tem sido alvo de diversas queixas, principalmente da oposição, com as primeiras declarações dela depois do estouro da crise na aviação. Um esforço do governo a fez não ser convocada. Porém, no Senado, ela vai depor. Só não há data definida.
O advogado de Denise diz que a ação contra Pereira sinaliza que ela não vai mais tolerar ser acusada de arrogante ou suspeita. “Acredito que passaram do limite. E ela não vai mais admitir esse tipo de postura”, disse Podval. (Eduardo Militão)
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