A diretora de Serviços Aéreos e Relações com Usuários da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, negou que tivesse pressionado para transferir o setor de cargas de aeroportos de São Paulo e Campinas para o de Ribeirão Preto para beneficiar a empresa Terminais Aduaneiros do Brasil (Taed).
Em depoimento hoje (16) à CPI do Apagão Aéreo no Senado, ela afirmou que a transferência não seria possível porque o plano diretor do aeroporto de Ribeirão não está totalmente aprovado, o que não permite a mudança imediata. Assim, alegou que, ainda que a transferência aconteça, isso só será feito daqui a alguns anos, depois que toda a diretoria da Anac deixar seus cargos.
Denise confirmou que a Taed ganhou a licitação para administrar o setor de cargas que vai ser criado naquele aeroporto.
Ela foi confrontada com uma entrevista que ela deu a uma emissora de televisão na qual diz que o plano do aeroporto diretor tinha sido aprovado “rapidamente”. Questionada, Denise afirmou essa pressa foi motivada pela pressão dos controladores de tráfego.
A diretora da Anac defendeu que o setor de cargas de Congonhas, em São Paulo, seja remanejado para Viracopos, em Campinas. Disse que a eventual transferência de vôos de cargas para Ribeirão representará uma parcela “ínfima” do mercado cargueiro paulista.
Sem amizade
À CPI, o ex-presidente da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) José Carlos Pereira negou hoje que tivesse dito que Denise Abreu fosse amiga do dono da Taed, o empresário Carlos Ernesto Campos.
Em entrevista ao jornal O Globo, Pereira acusou Denise de pressionar para transferir o setor de cargas de São Paulos e Campinas para Ribeirão – um aeroporto administrado pelo governo de São Paulo que terceirizará o setor cargueiro. “Eu não falei que a doutora Denise é amiga de Carlos Ernesto. Nem o conheço. Mas a Infraero não poderia perder mais de R$ 200 milhões para a iniciativa privada”, disse o ex-presidente da estatal. (Ana Paula Siqueira)
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