Sumido desde que as denúncias envolvendo seu nome com ações ilegais do contraventor Carlinhos Cachoeira ganharam força, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) voltou hoje (12) a participar de uma reunião no Senado. Demóstenes esteve na abertura da sessão do Conselho de Ética, que examina representação contra ele, para afirmar que provará sua inocência e contestar a eleição de Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) como presidente do colegiado.
Leia também:
Conselho de Ética abre processo contra Demóstenes
Líderes indicam Valadares para a presidência do Conselho de Ética
Leia também
Outros destaques de hoje no Congresso em Foco
PublicidadeUm terço dos Conselhos de Éticas na mira do STF
O senador goiano afirmou que o prazo dado a ele para se defender no Conselho é efetivo e que irá apresentar sua defesa por escrito. “Me considero notificado e farei minha defesa por escrito e depois de forma mais contundente, pois serei questionado pelos membros conforme o regimento interno da Casa. O que tem de ser feito judicialmente vai ser feito. Aqui, quero me defender no mérito. Ainda não tive oportunidade de fazer, eu farei e provarei que sou inocente”, disse Demóstenes aos integrantes do Conselho de Ética.
Apesar de elogiar o presidente do conselho, senador Antônio Carlos Valadares, Demóstenes questionou a forma como o senador foi conduzido ao cargo. Ele argumentou que, de acordo com o regimento, o senador mais idoso pode substituir o presidente e o vice-presidente do colegiado em caso de ausência de ambos, mas não em caso de vacância do cargo, o que ocorre desde o ano passado, quando o então presidente, João Alberto (PMDB-MA), licenciou-se do mandato para assumir uma secretaria estadual no Maranhão. “O que se percebe é que os artigos 24 e 88 não foram cumpridos. E não obstante Vossa Excelência ter todos os atribudos morais, ter o meu aplauso, mas é fato que as ordens regimentais têm de ser cumpridas. Não há eleição de presidente interino. Todas as eleições nesta Casa são para cumprir o mandato toralmente, ou remanescente. Isto é claro”, disse.
O senador goiano disse ainda que não pretendia anular nenhum ato do Conselho, mas sugeriu que o colegiado formalizasse a eleição do presidente para que possíveis questionamentos não sejam feitos no futuro. “Não estou aqui para questionar qualquer ato que tenha tomado o Conselho de Ética, apenas para fazer um alerta e dizer que não farei nada contra o regimento. Considero-me notificado desde ontem [quarta] e os prazos eu obedecerei independentemente do que disserem a partir de hoje”, afirmou o senador.
A última vez em que Demóstenes falou no Senado foi em 6 de março, quando subiu à tribuna do Senado para se defender das denúncias sobre seu envolvimento com Cachoeira. Na ocasião, afirmou que era amigo de Cachoeira, mas que não tinha qualquer envolvimento com os negócios do bicheiro. Nos dias seguintes, gravações da Operação Monte Carlo foram divulgadas e a situação de Demóstenes se agravou. Ele tem dez dias úteis, contados desde ontem para apresentar sua defesa perante o Conselho de Ética.
Ontem, Demóstenes compareceu ao Senado para receber a notificação do Conselho de Ética sobre a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. O senador aproveitou e registrou sua presença em Plenário, mas não participou da sessão ordinária.