Na véspera da votação do processo que pode cassar o seu mandato de senador, Demóstenes Torres (sem partido-GO) afirmou nesta terça-feira (10) ter convicção que seus colegas não aprovarão a perda de seu cargo como parlamentar. Ele se vê como “sobrevivente” no episódio que pode sepultar sua carreira política. Em seu sétimo discurso na tribuna do Plenário da Casa, o senador usou os dez minutos que lhe foram concedidos pela presidência do Senado para tentar, mais uma vez, convencer seus colegas de que não mentiu e não usou seu mandato para atender os interesses do bicheiro Carlinhos Cachoeira no Congresso.
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“O Senado vai optar pelo devido processo legal, sem pressão, em julgamento baseado em provas, não em campanhas de danos contra senadores. O Senado vai entender que o julgamento é político, ou, nas palavras do Supremo Tribunal Federal, o processo é administrativo-parlamentar, mas mesmo um julgamento político tem de ser justo, baseado em provas, não em provações; sustentado em fatos, não em ilações”, afirmou Demóstenes. “Não se trata de ser cassado amanhã, trata-se de defender a própria honra, de manter límpida uma biografia escrita com esforço, estudo e disciplina”, disse. Leia a íntegra do discurso
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Ao final do discurso, Demóstene disse que é um “sobrevivente” e vai continuar a exercer o mandato. “Agora, sobrevivente de uma atrocidade sem precedentes, me sinto mais maduro para legislar. Vou continuar no Senado trabalhando intensamente”, afirmou ele. Demóstenes se referia à implantação do ensino em tempo integral em todas as escolas, ao um percentual mínimo de gastos para a educação e à defesa dos recursos hídricos.
A votação do projeto de resolução 22/2012, que propõe a cassação do mandato de Demóstenes está marcada para esta quarta-feira (11), às 10h. O julgamento é fruto da representação do PSOL no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, cuja conclusão foi de que Demóstenes utilizou o mandato em benefício de Carlinhos Cachoeira, acusado pela Polícia Federal de comandar uma organização criminosa com ramificações políticas e empresariais. A sessão será aberta, mas os votos dos senadores serão secretos.
O senador terá 20 minutos para subir ao púlpito e fazer a derradeira defesa das acusações. Ele terá ainda a difícil tarefa de convencer seus pares de que não mentiu ao negar envolvimento, em discurso proferido no mesmo plenário em 6 de março, com a quadrilha de Cachoeira, seu amigo de anos.
Biblioteca de infâmias
Demóstenes disse que foi obrigado a superar “os maiores problemas de um ser humano” para poder apresentar a sua defesa. Afirmou que foi produzida uma “biblioteca inteira de infâmias” contra ele. “Não há um cálculo preciso, mas estima-se que a campanha de demolição da minha honra tenha produzido até agora 3 milhões de textos dos mais diversos tamanhos e graus de agressividade, das frases curtas das mídias sociais às opiniões de várias páginas em revistas. Três milhões de textos para mutilar um mandato. Se fossem colocados em média 500 textos por livro, os vazamentos criminosos de provas ilegais preencheriam 6 mil volumes. Uma biblioteca inteira de infâmias para destruir um homem.”
O senador disse ainda que chega à véspera da votação com a cabeça erguida e a “convicção de que a verdade prevalecerá”. Para ele, todas as acusações feitas não foram comprovadas e isso o exime de qualquer culpa ou erro. “E a verdade é que todas as frases ditas no meu pronunciamento do dia 6 de março se confirmaram; nenhum dos absurdos assacados contra mim se comprovou; os diálogos usados para me enxovalhar foram colhidos de forma ilegal, montados para me imputar ilícitos e vazados criminosamente”, argumentou Demóstenes. “Sempre usei republicanamente os mandatos confiados a mim pelo povo de Goiás; não cometi qualquer irregularidade, nenhum crime, nenhuma contravenção.”
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