O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), afirmou há pouco que se a Mesa Diretora da Casa não se reunir amanhã para encaminhar os documentos apresentados pela defesa de Renan Calheiros (PMDB-AL) à perícia da Polícia Federal, o seu partido não votará mais nenhuma matéria sob a presidência do peemedebista.
Agripino afirmou que outros partidos, como o PSDB, o PSB e parte do PMDB, também farão o mesmo “em nome da credibilidade do Senado”. Renan responde a um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Ele é acusado de ter despesas pessoais pagas por um funcionário de uma construtora.
Na quinta-feira da semana passada (12), a Mesa Diretora iria se reunir para encaminhar os documentos de Renan para a PF (leia mais). Contudo, a reunião foi adiada para amanhã, às 11 horas.
De acordo com Agripino, o Senado passa por uma crise de credibilidade e um novo adiamento “seria a humilhação” para a instituição. O senador potiguar afirmou que estará em vigília amanhã e que se houver algum pedido de vista, o que adiará para depois do recesso parlamentar o início da análise dos documentos de Renan, “será orientação do Palácio do Planalto”.
Leia também
Segundo o senador Valter Pereira (PMDB-MS), não deve haver pedido de vistas na reunião da Mesa Diretora de Amanhã. “Não acredito que haja qualquer iniciativa no sentido de evitar que a Mesa do Senado deixe de cumprir a sua obrigação”.
Renan impedido
Renan confirmou, por meio de um telefonema, a reunião da Mesa Diretora marcada para amanhã. O peemedebista também se declarou impedido de realizar qualquer encaminhamento relativo ao processo que corre contra ele no Conselho de Ética. Desta forma, quem presidirá a reunião da Mesa será o vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC).
Integrante da Mesa Diretora na vaga de 1º suplente, o senador Papaléo Paes (PSDB- AP) também pressionou por uma decisão dos seus colegas e considerou que não há mais condições para um adiamento da reunião de amanhã (17). "Se houver algum pedido de vista vou lamentar muito, mas não acredito que isso possa acontecer. Não é uma questão de otimismo, mas de bom censo", avaliou o tucano.
Em outra frente o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou Renan Calheiros pela possibilidade de seus advogados entrarem com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a ampliação das investigações sobre os dados apresentados para justificar o pagamento da pensão para sua filha fora do casamento. "Se Renan não se licenciar do cargo e entrar no STF na condição de presidente do Senado, é quebra de decoro", afirmou o senador do PDT.
"Se tiver quebra de sigilo, tem que ter autorização do Supremo", insistiu o líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (RR). Jucá classificou como "legítimo" uma ação no STF caso a Polícia Federal receba o pedido do Conselho de Ética para ampliar as investigações. Renan evitou falar com os jornalistas. Ao ser questionado se recorreria ao Supremo, o presidente do Senado se limitou a dizer: “De forma alguma”.
"O próprio senador Renan autorizou a investigação sobre as provas que produziram um relatório inconcluso da Polícia Federal. Por que agora existe a necessidade de autorização", contesta o senador Agripino. (Rodolfo Torres e Lúcio Lambranho)
Leia a íntegra da carta de Renan encaminhada ao presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO):
Presidente do Senado Federal