Mário Coelho e Fábio Góis
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), protocolou nesta terça-feira (25) uma representação no Ministério Público Federal (MPF) solicitando a abertura de investigação contra o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e seu chefe, o general Jorge Armando Félix. A oposição pede que os procuradores apurem se o ministro cometeu os crimes de supressão, extravio ou sonegação de documento e improbidade administrativa.
A ação tem como base a resposta dada pelo GSI na última sexta-feira (21) a um requerimento do DEM, que requisitava imagens do circuito interno de TV da Casa Civil, referentes aos meses de novembro e dezembro do ano passado, período em que a ex-secretária da Receita Lina Vieira diz ter se encontrado com a ministra Dilma Rousseff. O GSI informou que não poderia ceder as imagens, porque elas foram destruídas após ficarem armazenadas por um mês.
Lina e Dilma têm versões diferentes sobre o assunto. A ex-secretária confirma o encontro, mas não sabe precisar em que dia ele ocorreu. Já a ministra diz que a reunião jamais existiu.
Em depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, na semana passada, Lina reiterou que a ministra da Casa Civil lhe pediu, no encontro, para acelerar as investigações fiscais contra o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Dilma também nega ter feito o pedido.
“Se o gabinete do presidente não tem uma segurança que garanta a conservação das imagens, que tipo de segurança é essa? Com a tecnologia de hoje, você não precisa de grandes estruturas para fazer esse armazenamento”, afirma Rodrigo Maia.
De acordo com o presidente do DEM, a representação é para investigar toda a estrutura do GSI. Mas ele admite que a intenção é chegar até Dilma. “É claro que depois terá suas implicações. Quem responde diretamente é ele [general Jorge Armando Félix]. Mas, confirmando que houve a queima das imagens, também atinge a ministra”, disse Rodrigo.
Reforço
O levante oposicionista contra o desencontro de versões entre Dilma Rousseff e Lina Vieira ganhou hoje nova vertente. Vice-líder do PSDB, o senador Alvaro Dias (PR) encaminhou ofício ao ministro-chefe do GSI por meio do qual pede mais esclarecimentos sobre o assunto.
No ofício, Alvaro insiste em que o GSI aprofunde a versão de que as imagens do suposto encontro tenham sido apagadas. “À luz da nota divulgada (…) muito agradeceria a Vossa Excelência o obséquio de encaminhar, dentro do menor prazo possível, cópia do contrato firmado com a empresa responsável pelo circuito interno instalado no Palácio do Planalto (…)”, diz trecho do documento.
Confira a íntegra do ofício:
“À luz da nota divulgada por esse Gabinete de Segurança Institucional na última sexta-feira, dia 21 de agosto de 2009, por meio da qual afirma que, nos registros existentes no Palácio do Planalto correspondentes a novembro e dezembro de 2008 ‘não foi encontrado o nome da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira’ e ainda que não existem mais as imagens das câmeras de segurança relativas ao período porque o sistema teria capacidade para armazená-las por um prazo médio de apenas 30 dias, muito agradeceria a Vossa Excelência o obséquio de encaminhar, dentro do menor prazo possível, cópia do contrato firmado com a empresa responsável pelo circuito interno instalado no Palácio do Planalto, e vigente à época do ocorrido, para que se possa, em definitivo, esclarecer as questões que ainda pesam sobre o episódio objeto da mencionada nota.
Atenciosamente,
Senador Alvaro Dias”
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