Mário Coelho
As bancadas do DEM e do PT no Senado se reúnem no início da tarde desta terça-feira (4) para definir suas posições com relação às recentes denúncias contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Os democratas devem apresentar uma nova representação contra o peemedebista no Conselho de Ética. Já os senadores petistas podem ratificar o pedido de afastamento temporário de Sarney.
A reunião do DEM começa ao meio-dia. O líder do partido na Casa, José Agripino (RN), vai levar duas propostas para análise dos senadores. A primeira é a elaboração de uma nova representação no Conselho de Ética contra Sarney, dessa vez pela denúncia de suposta grilagem de uma fazenda no Entorno do Distrito Federal. A outra proposta é apoiar as 11 representações que já tramitam no Conselho.
“Precisamos ter uma postura de legítima defesa da instituição, saber quem tem culpa e quem não tem”, afirmou Agripino. Até o recesso parlamentar, o DEM, que apoiou a eleição de Sarney à presidência do Senado, pedia o licenciamento do peemedebista para a realização das investigações sobre todas as denúncias. Entretanto, segundo o líder democrata, a sucessão de “notas lacônicas” fez o partido estudar uma nova posição. “Quem está na vida pública tem que se colocar para explicações. Não dá para se defender com notas lacônicas”, disse.
Agripino diz que não teme a mudança de tática feita pela tropa de choque de Sarney. Ontem (3), os defensores do peemedebista partiram para o ataque, criando situações constrangedoras durante a sessão do Senado. Mas ele admite que o clima entre os parlamentares é tenso. “Não tememos chantagem. O julgamento vai ser político, embasado no que expressa a opinião pública”, comentou.
Agripino diz que, caso o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), aliado de Sarney, engavete todas as representações contra o presidente da Casa, os senadores do DEM e do PSDB já têm um recurso pronto, com cinco assinaturas, para apresentar no colegiado. Caso ele seja rejeitado pelos membros, o líder promete levar ao plenário do Senado.
O PT, apesar da pressão do presidente Lula pelo apoio a Sarney, pode tomar hoje uma nova decisão. A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) defende que a bancada decida pelo afastamento temporário do presidente do Senado. “A gente pode pedir que o presidente se afaste, mas não pode obrigá-lo”, disse.