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O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares negou o pagamento de mesada a parlamentares em trocas de votos a projetos do governo. Em depoimento à CPI dos Correios nesta quarta-feira (20), Delúbio admitiu que o PT usou caixa dois para pagar dívidas de campanhas anteriores do partido e das legendas da base aliada. Ao insinuar que os parlamentares sabem como são feitas as campanhas eleitorais, Delúbio provocou protestos e desculpou-se em seguida: "Desculpe, não quis ofender a ninguém". Delúbio assumiu sozinho a responsabilidade pela utilização de recursos “não contabilizados” em campanhas eleitorais e também pelos empréstimos de R$ 39 milhões feitos pelo empresário Marcos Valério. Questionado sobre quem recebeu o dinheiro dos empréstimos, Delúbio valeu-se do hábeas-corpus, concedido na segunda-feira, para permanecer calado. “As investigações vão esclarecer os fatos”, respondeu. Leia também O ex-tesoureiro garantiu ser o único a saber sobre os empréstimos obtidos com Marcos Valério para o PT. Afirmou ainda que os únicos empréstimos reconhecidos pela Executiva Nacional do partido são aqueles realizados pelo Banco do Brasil, pelo Banco Rural (R$ 2,4 milhões) e pelo BMG (R$ 3 milhões). Delúbio negou-se a falar da denúncia feita pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o PT havia prometido R$ 20 milhões ao PTB. Segundo o ex-tesoureiro, a dívida do PT cresce a cada dia. Ao BMG, apesar dos R$ 800 mil pagos em juros, o partido deve R$ 2,7 milhões e corre o risco de ser executado caso não quite o acordo até o final do ano. No Banco Rural, a dívida chega a R$ 7 milhões. Delúbio informou que relacionava os nomes autorizados a sacarem das contas da DNA e da SMPB, agências das quais Marcos Valério é sócio. De acordo com o dirigente, as decisões de dia, forma, local e quantia do saque eram tomadas por Valério. Delúbio disse desconhecer qualquer relação entre os gastos do Banco Popular com campanhas de publicidade feitas pela empresa DNA Propaganda e posteriores saques das contas da agência de publicidade em socorro ao PT. “Não existem recursos públicos envolvidos no processo. Não vejo essa conexão”, respondeu ao relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). O ex-tesoureiro negou ter intermediado contratações para favorecer o Banco Rural junto ao governo ou os banqueiros Daniel Dantas e Carlos Rothemburg, ambos do Banco Opportunity. Ele entrou em contradição ao afirmar que não conhece oito das 11 pessoas citadas na lista entregue por Marcos Valério na semana passada ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. A lista mostra o nome de pessoas apontadas como responsáveis pelos saques de dinheiro de contas bancárias das empresas de Valério. Entre os nomes listados estão os de Simone Vasconcelos e Geisa Dias, apontadas como realizadoras de grandes saques no Banco Rural. As duas fazem parte da diretoria financeira da DNA e da SMPB. Delúbio garantiu não conhecê-las, apesar de ser o único a saber dos empréstimos obtidos junto a Valério, com afirmou durante o depoimento. As afirmações irritaram o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA): “Quem o senhor acha que consegue enganar?". |