O deputado Julio Delgado (PSB-MG), relator do processo de cassação contra o deputado José Dirceu (PT-SP), iniciou há pouco a apresentação de seu relatório, no plenário da Câmara, provocando o petista. Disse que, embora Dirceu insista que não há provas contundentes para cassá-lo, os advogados dele lutaram ao longo de todo o processo para excluir dados do relatório.
“Os advogados contradizem o discurso de que não há provas. Lutam para excluir provas do relatório”, afirmou Delgado. O relator disse que, apesar de contrariado com o esforço da defesa do petista para enfraquecer os argumentos do texto, ressaltou que o Conselho sempre cumpriu as determinações. Frisou que retirou do parecer os dados da quebra de sigilo bancário do ex-ministro obtidos junto à CPI dos Correios e suprimiu o depoimento da presidente do Banco Rural, Kátia Rebelo, testemunha de defesa.
“Mesmo retirando essas provas, ainda há uma fartura de provas que mostra o abuso da máquina pública e do poder. Permaneceram provas robustas que possibilitaram o julgamento na Câmara”, enfatizou. O relator afirmou que esse foi o primeiro processo do Conselho em que houve “espaço para defesa todas as vezes”.
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Para evidenciar o envolvimento de Dirceu com o escândalo do mensalão, Delgado falou da pouca disponibilidade do ex-ministro para receber deputados. “Quando ele era coordenador político na Casa Civil, nem consta na agenda dele a única visita que eu fiz lá quando era líder do PPS. Depois que ele deixou a coordenação, há nove visitas do (ex-deputado) Roberto Jefferson (PTB-RJ) pouco antes das eleições de 2004”, afirmou o deputado.
O relator afirmou que, apesar das constantes negativas de Dirceu, o relacionamento do petista com Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do mensalão, ia além do convívio meramente social. “Se não fosse uma relação de amizade, era uma relação de interesses comuns. Ele esteve na Casa Civil várias vezes para tratar de assuntos que não eram de deputados”, afirmou Delgado. “Ele (Valério) esteve na inauguração de uma fábrica de enlatados junto com (o ex-tesoureiro do PT) Delúbio Soares e, três dias depois, saiu o primeiro empréstimo do PT no (banco) BMG”, completou.