De acordo com o depoimento de Pessoa aos investigadores da força-tarefa da Operação Lava Jato, ele fechou com o hoje senador Lobão o pagamento de R$ 1 milhão em propina, mais o pagamento de doações eleitorais a a caciques do PMDB no Senado. Um dos beneficiados, neste aspecto, teria sido o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
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As obras de Angra 3 são executadas pelo consórcio formado pela UTC, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht. Todas são investigadas pela Lava Jato. O grupo venceu uma concorrência em 2013 para executar as obras. A usina está orçada em R$ 3,1 bilhões.
“Com o êxito da contratação, o dono da UTC disse ter interpretado que o acordo da suposta propina a Lobão deveria estender benefícios aos caciques do PMDB no Senado. Os registros das doações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) corroboram o que Pessoa afirmou na delação”, afirma O Globo.
A direção do PMDB de Alagoas, controlada por Renan, por exemplo, recebeu R$ 1 milhão da UTC em doações eleitorais no ano passado, segundo as prestações de contas da sigla no Tribunal Superior Eleitoral. A executiva do PMDB de Roraima, comandada pelo senador Romero Jucá, também obteve repasses da UTC no ano passado, mas da ordem de R$ 1,5 milhão.
“Pessoa afirmou que repassaria às demais empreiteiras do consórcio a necessidade de ratear a suposta propina a Lobão e de dar atenção especial a doações aos demais representantes do PMDB no Senado. Pessoa enxergava em obras de usinas nucleares um filão para garantir à UTC a presença no grupo das maiores empreiteiras do país”, aponta O Globo.
Além de políticos, Pessoa também declarou que efetuou o pagamento de propina ao advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, para que ele pudesse influenciar em processos contra a UTC em tramitação no TCU.
A defesa de Lobão negou o pagamento de propina. Jucá também negou qualquer irregularidade nas doações de campanha e Renan não foi encontrado pela reportagem de O Globo.