Intitulada “Empreiteira delata ministro do Supremo”, a matéria de capa diz que a revista teve acesso ao capítulo da delação de Léo Pinheiro. Embora ainda não homologada, a delação de Léo Pinheiro já teve alguns trechos devassados na imprensa. Na primeira rodada de vazamentos, o depoimento atingiu o senador Aécio Neves (PSDB-MG), informando que o presidente nacional do PSDB exigia propina de 3% dos contratos firmados para realização de obras da Cidade Administrativa, gigantesco conjunto de prédios em Minas Gerais.
Leia também
A revista ainda não disponibilizou o material que anuncia em sua capa deste fim de semana. Responsável por julgar processos da Lava Jato junto com seus dez colegas de corte, Dias Toffoli ainda não se manifestou sobre a reportagem.
Como este site mostrou em 6 de junho, Léo Pinheiro havia se comprometido a relatar, com base em documentos, que pagou suborno a auxiliares do então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, durante a construção da Cidade Administrativa. De acordo com matéria publicada pelo jornal Folha de S.Paulo na manhã deste domingo (26), trata-se da mais cara obra do tucano nos oito anos em que permaneceu à frente do Estado – entre 2003 e 2010.
O relato do empreiteiro sobre o centro administrativo, um complexo inaugurado em 2010 para abrigar 20 mil funcionários públicos, faz parte do acordo de delação premiada em negociação, por solicitação da defesa de Léo Pinheiro, com procuradores da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba e Brasília. Mesmo ainda não assinado, o depoimento é considerado essencial para a investigação e, para os observadores da cena política, é questão de tempo até que seja definitivamente oficializado.
Em nota, a assessoria do ministro defendeu: “O ministro conhece o sr. José Adelmário Pinheiro Filho, mas não tem relação de intimidade com ele, não tendo pedido ou recebido nenhum tipo de ajuda da referida pessoa”, diz o texto.
Publicidade“Brahma”
O ex-presidente Lula, com quem Léo Pinheiro tinha proximidade, é outro nome implicado nas movimentações do empreiteiro – nesse caso, sem relação com a delação premiada a que Veja faz menção. Na reportagem também replicada pelo Congresso em Foco, esta em 3 de julho, lê-se que uma mensagem encontrada pela Polícia Federal no celular de Léo Pinheiro diz que o petista, então como chefe de Estado, atuou para que a empresa conquistasse na África o direito de executar uma obra de cerca de R$ 1 bilhão. No texto, registra-se que a OAS obteve a execução de um empreendimento na Guiné Equatorial “com a ajuda do Brahma” – codinome com que, segundo interpretação da PF a partir de informações da Lava Jato, Pinheiro se referia ao petista.
Também segundo a Folha de S.Paulo, a mensagem foi enviada para o celular de Pinheiro em 31 de janeiro de 2013 por Jorge Fortes, diretor de Relações Institucionais da empreiteira em Brasília àquela época. O objetivo do comunicado era que o empreiteiro conseguisse, por intermédio de um ministro não identificado, que a presidente Dilma Rousseff colocasse a pedra fundamental em uma estrada de 51 quilômetros ligando a capital da Guiné, Malabo, a Luba – as duas principais cidades portuárias do país.