Esta é a segunda vez que ele pede demissão da pasta apenas neste ano. Um dos ministros de Temer no alvo da Operação Lava Jato, com dois pedidos de abertura de inquérito feitos pela Procuradoria-Geral da República, o peemedebista já havia deixado a pasta na gestão da presidente afastada Dilma Rousseff, dias antes de o PMDB romper com o governo da petista e às vésperas da votação, em sessão plenário da Câmara em 17 de abril, do processo de impeachment da petista.
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Em sua delação premiada, Machado incluiu Henrique Eduardo entre os mais de 20 políticos que receberam recursos do chamado petrolão. O ex-presidente da Câmara, segundo ele, recebeu R$ 1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014. Só o PMDB, partido responsável pela indicação de Machado, ficou com R$ 100 milhões em recursos ilícitos desviados de contratos com a Petrobras, de acordo com o delator.
Antes de Henrique Eduardo Alves, outros dois ministros de Temer deixaram o cargo por causa de desdobramentos da Operação Lava Jato. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) voltou ao Senado, uma semana após ter assumido o Ministério do Planejamento, após a divulgação de áudio com o próprio Sérgio Machado em que defendia a saída de Dilma e um pacto para “estancar a sangria” da Lava Jato. Uma semana depois foi a vez de Fabiano Silveira pedir demissão do Ministério da Transparência, após ser flagrado em áudios orientando a defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e fazendo críticas às investigações.
Sobre as denúncias de seu envolvimento com o petrolão, noticiadas em primeira mão pelo jornal Folha de S.Paulo, Henrique Alves disse que se trata de uma notícia reeditada pelo periódico e usada em outras duas ocasiões. “Mesmo identificando motivações políticas em sua publicação, não poderia silenciar diante de tamanho absurdo”, reclamou, por meio de nota.
Comando
Antecessor do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no comando da Câmara, Henrique Alves é um dos políticos mais próximos a Temer e foi um dos articuladores, junto à bancada de deputados peemedebista, do movimento que levou ao afastamento de Dilma. Como presidente da Casa, tinha em Cunha o principal articulador junto à então base aliada à presidente Dilma, com ampla maioria de deputados e responsável pela força política que o governo petista detinha à época para aprovar propostas de seu interesse.
Favorável à legalização dos bingos no Brasil, o agora ex-ministro estava à frente do ministério desde abril do ano passado, com a pausa de cerca de um mês durante o processo de impeachment. Nas últimas eleições majoritárias, em 2014, tentou se eleger governador do Rio Grande do Norte, mas foi derrotado por Robinson Faria (PSD) em segundo turno. Na Câmara, exerceu 11 mandatos consecutivos, tendo deixado a função depois de 44 anos de Casa.
Perfil
Noa 44 anos em que foi deputado federal, Henrique Alves só se licenciou do mandato uma vez, para comandar a Secretaria de Governo e de Projetos Especiais do Rio Grande do Norte no governo do primo, o hoje senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), entre 2001 e 2002. Na Câmara, foi o relator da lei de participação do capital estrangeiro nos veículos de comunicação. Além disso, foi segundo secretário da Mesa Diretora e já presidiu as comissões de Constituição e Justiça; Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; Legislação Participativa; e de Trabalho, Administração e Serviço Público. Foi filiado ao MDB (1971-1979) e teve uma curta passagem pelo PP (1980-1982). Está no PMDB desde 1982.
Formado em Direito pela Faculdade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Henrique Eduardo foi diretor presidente da empresa Jornalística Tribuna, no Rio Grande do Norte, estado onde construiu toda sua trajetória política. É dono da Rede Cabugi, que, além da TV (retransmissora da Globo), inclui ainda a Rádio Globo/Cabugi (AM), de Natal; a 104 FM, de Parnamirim; a Rádio Difusora de Mossoró (AM); a Rádio Cabugi do Seridó (AM), do Seridó; a Rádio Baixa Verde (AM), de João Câmara; e Pereira de Souza (SP).
O peemedebista nunca disputou outro cargo. “A Câmara é a minha casa. Gosto daqui”, afirmou. O deputado diz que não ambiciona ser governador nem senador por entender que essa prerrogativa é de outro integrante da família Alves. “Tenho uma parceria quase perfeita com o meu primo-irmão Garibaldi. Ele é mais conciliador e tem um temperamento ameno que está mais de acordo com esses cargos majoritários. Eu já tive de radicalizar muitas vezes dentro do partido”, disse.
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