Mal o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), terminou de informar ao plenário sua decisão de dar continuidade ao rito do impeachment, deputados governistas e oposicionistas já questionavam ou elogiavam o ato do senador na casa ao lado.
“Não terá nenhum efeito esta decisão do presidente interino. Quem decide pela continuidade e pela validade do processo é o presidente do Senado Federal, não cabe mais ao presidente da Câmara retroagir com uma decisão sobre um ato jurídico perfeito, concluído, que não está mais na alçada da Câmara”, disse o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM). “Portanto, é a vida que segue o seu curso e o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff segue no Senado para que a leitura seja feita hoje e a votação na próxima quarta-feira”, concluiu o deputado, que classificou a decisão de Maranhão com “irresponsável” e “esdrúxula”.
O vice-líder do governo, Silvio Costa (PTdoB-PE) classificou como “lamentável” a atitude de Renan Calheiros. “A decisão do senador Renan é uma decisão do ponto de vista jurídico-constitucional lamentável. É preciso respeitar o presidente Maranhão, ele tomou uma decisão constitucional, regimental e democrática”, disse o deputado pernambucano. Costa não estipulou uma data, mas afirmou que a decisão do presidente do Senado será alvo de questionamentos no Supremo Tribunal Federal. “Evidentemente nós vamos judicializar essa questão no Supremo. Não pode Renan Calheiros tomar uma decisão equivocada do ponto de vista constitucional e a gente ficar parado”, disse Silvio Costa.
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O primeiro secretário Beto Mansur (PRB-SP) disse que a Mesa Diretora se reunirá amanhã para discutir o assunto, e deixará claro ao presidente interino que discorda de sua ação. “Eu até respeito a decisão do deputado Maranhão de ter votado contra o impeachment, todos nós temos as nossas posições políticas. O que não cabe é tomar uma decisão como essa unilateralmente em desrespeito à Mesa Diretora, em desrespeito à vontade da quase totalidade dos deputados da Casa”, afirmou Mansur. “Nós vamos nos reunir, vamos nos posicionar contra isso, alertar o deputado Maranhão, ninguém vai puxar a orelha dele porque ele já tem idade o suficiente para entender as coisas sem puxão de orelha. Mas vamos explicar a ele que o restante da Mesa não concorda com a decisão dele”, declarou o primeiro secretário.