Leia também
A imprevisibilidade da sucessão presidencial, observa Mauro Paulino, decorre de alguns indicadores colhidos pelo instituto nas ruas: nunca tantos brasileiros (67%) disseram não ter preferência partidária; jamais o percentual de indecisos (27%) foi tão grande em um começo de campanha, nunca um candidato partiu em busca da reeleição presidencial com popularidade tão baixa (32%); jamais tantos entrevistados (74%) manifestaram desejo por mudança. “O índice de eleitores que pretendem anular o voto é mais alto do que em outras eleições nessa mesma época. Há uma série de indicadores que mostram que o eleitor está muito desconfiado dos políticos e está cobrando muito mais deles”, avalia.
Para Paulino, Dilma tem sentido o mau-humor do eleitor, com oscilações negativas nas intenções de votos. Mas seus principais oponentes – Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) – ainda são pouco conhecidos do eleitorado e não conseguiram, antes do início do horário eleitoral, convencer o eleitorado de que representam uma alternativa para realizar as transformações que as ruas pedem. Será que vão conseguir? “É isso que vai definir a eleição. Como cada campanha vai conseguir se comunicar com esse eleitor que está muito desconfiado dos políticos. Um discurso que seja mais factível, que tenha poder de convencimento maior e que mostre que, de fato, pode mudar alguma coisa”, diz o sociólogo.
Segundo o diretor do Datafolha, apesar de as pesquisas indicarem que Aécio e Campos têm maior potencial de crescimento nas intenções de voto, Dilma poderá virar o jogo se valendo do maior tempo de exposição que terá na mídia – quase o dobro de seus principais oponentes no horário eleitoral e a exibição na TV e no rádio de seus atos como presidenta. “Existe esse desejo de mudança em potencial de crescimento maior para os candidatos de oposição, mas contra uma candidatura muito forte do governo, que tem uma taxa de intenção de voto hoje maior do que a dos candidatos de oposição”, pondera.
Na avaliação de Mauro Paulino, a estratégia de Aécio de trazer o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para a sua campanha, diferentemente do que fizeram os ex-presidenciáveis tucanos José Serra (em 2002 e 2010) e Geraldo Alckmin (em 2006), tende a causar mais prejuízos do que benefícios. “A lembrança que as pessoas têm do governo Fernando Henrique é negativa. Certamente a campanha do governo vai trazer isso à tona”, diz.
PublicidadeJá Eduardo Campos, segundo ele, tem o desafio de se fazer conhecido além do Nordeste e de conquistar o eleitor de Marina Silva, sua vice, que recebeu quase 20 milhões de votos quatro anos atrás. “Acho que o eleitor de Marina Silva está ainda um pouco desinformado e confuso com relação à candidatura do Eduardo Campos”, considera.
Primeiro turno
Para Mauro Paulino, Dilma precisa fazer todos os esforços para se reeleger no primeiro turno. Do contrário, correrá grandes riscos no “mata-mata” eleitoral do segundo turno. “Ainda há um caminho longo a ser percorrido nessa campanha, porque os eleitores estão procurando uma alternativa, mas ainda não enxergam na oposição essa alternativa. Mas quando colocados diante de apenas duas alternativas, que é o cenário do segundo turno, uma boa parte dos que votam em branco ou nulo ou se mostram indecisos acaba migrando para candidaturas antigovernistas”, observa.
Segundo o diretor do Datafolha, as pesquisas indicam que os eleitores estão deixando para decidir o voto cada vez mais na reta final da campanha e, para definir o voto, não se limitam às informações veiculadas na mídia tradicional. Estão cada vez mais utilizando a internet para se informar. E querem melhorias na qualidade do serviço público, como mostraram as manifestações de junho. “Resumindo, os políticos vão ter mais trabalho, vão ter de se esforçar mais para convencer o eleitor nesta eleição”, afirma.
Leia a íntegra da entrevista concedida por Mauro Paulino ao Congresso em Foco:
Congresso em Foco – O que estas eleições presidenciais têm de diferente em relação às anteriores?
Mauro Paulino – É uma eleição mais imprevisível do que as anteriores, principalmente de 1994 para cá. Primeiro porque ela é realizada um ano depois de um movimento muito importante na definição dos rumos da opinião pública que foram as manifestações de junho de 2013. Apesar de não terem continuado com a mesma intensidade este ano, elas marcaram uma nova forma de avaliação dos governantes. Prova disso é que a avaliação do governo federal e de vários governadores sofreu uma queda significativa na aprovação. Alguns se recuperaram. A presidenta Dilma teve uma recuperação até dezembro, mas a partir deste ano começou a perder também a popularidade. E isso é muito em função de um espírito crítico que o eleitor formou e vinha formando até as manifestações de junho. Nesta eleição, assim como nas anteriores, o cenário econômico será decisivo, mas a cobrança por melhores serviços públicos e por uma modificação no discurso político tradicional será mais forte.
Isso significa que há latente um maior desejo de mudança?
Existe uma rejeição maior nesta eleição aos políticos em geral, uma resistência ao discurso tradicional. Temos hoje a maior taxa de eleitores que não têm um partido político de preferência. É um recorde: 67% dizem não ter preferência por nenhum partido. O índice de eleitores que pretendem anular o voto é mais alto do que em outras eleições nessa mesma época. Há uma série de indicadores que mostram que o eleitor está muito desconfiado dos políticos e está cobrando muito mais deles. Certamente, isso vai refletir nas escolhas, nas intenções de votos para este ano.
É uma eleição do imponderável?
Sim, uma eleição do imponderável e que, a partir de agora, na disputa pela Presidência, as candidaturas vão ter uma exposição muito maior a partir dos debates das entrevistas nos veículos de comunicação. As definições mais cristalizadas começam a partir da exposição diária no horário eleitoral gratuito.
A Copa do Mundo no Brasil ainda pode ter algum reflexo nas eleições?
Nós fizemos uma pesquisa pouco antes do início da Copa e outra logo após as oitavas-de-final e uma terceira pesquisa na semana seguinte ao final do Mundial. Isso permitiu que a gente acompanhasse o comportamento da opinião pública antes, durante e depois da Copa. Vimos que o estado de ânimo dos brasileiros melhorou muito durante o Mundial. O pessimismo que reinava antes da Copa sofreu uma queda considerável. Cresceu o orgulho de ser brasileiro e melhoraram as expectativas em relação ao futuro da economia, tanto do país, quanto da economia pessoal. O pessimismo também diminuiu. A gente identificou que havia um orgulho do brasileiro muito mais pela organização, pelo sucesso da Copa, pelo envolvimento e pela qualidade dos jogos do que pela seleção. Havia uma expectativa positiva em relação à seleção brasileira que se manteve no mesmo patamar até depois do jogo contra o Chile, que foi quando fizemos a pesquisa. Após a Copa, a avaliação da seleção brasileira e do Felipão despencou, como não poderia deixar de ser.
Que efeito isso teve sobre o governo?
Na pesquisa espontânea, por exemplo, as intenções de voto de Dilma já tinham passado de 19% para 25%; e na estimulada ela tinha passado de 34% para 38%. Depois da Copa, ela sofreu um refluxo, perdeu alguns pontos, voltou quase ao nível de antes. Enquanto isso, os candidatos da oposição permaneceram no mesmo patamar antes e durante a Copa. A conclusão é que houve um entusiasmo grande com a Copa do Mundo, que perdeu força depois da goleada para a Alemanha. Com isso, mesmo a população considerando a organização do evento muito boa, acabou não tendo efeito eleitoral nenhum. Tanto o governo quanto os candidatos da oposição voltaram para o patamar em que estavam antes da Copa. O saldo final é que o Mundial não teve uma influência grande na definição política dos eleitores, a exemplo do que ocorreu em outras Copas que coincidiram com as eleições, desde 1994. O eleitor mostrou também este ano que separa muito bem o futebol da política.
A discussão sobre os gastos públicos com a Copa tende a voltar com força na campanha?
Acho que pode voltar, mas não será decisivo. Esses questionamentos em relação aos gastos públicos que envolvem também corrupção vêm de há muito tempo. O fato de ter tido Copa – com sucesso ou não – não vai influenciar. É algo que já faz parte do debate político do país.
No ano passado, alguns analistas observaram que, por trás das manifestações, havia uma rejeição à polarização da política entre PT e PSDB e que as pessoas estavam querendo alternativas. Esse sentimento é verdadeiro?
Isso é muito claro para quem tem mais acesso às informações, para quem tem interesse maior por política, freqüenta, por exemplo, as redes sociais e os blogs políticos. Mas, para a maioria da população, o que define o comportamento político e o voto é a experiência do dia a dia. A população está cada vez mais crítica em relação à qualidade dos serviços públicos. Exige uma melhoria no tratamento que os políticos dão aos serviços públicos, especialmente nos grandes centros. Considero que as manifestações de junho foram muito significativas nesse sentido. E mais significativo do que as próprias manifestações foi o apoio que a população deu em massa a elas na época. Mesmo não indo às ruas, mais de 80% dos brasileiros apoiaram aqueles protestos. Isso demonstra o descontentamento que a maioria da população tem em relação à forma como os políticos em geral tratam a coisa pública. Os reflexos disso são vistos hoje nas pesquisas de intenção de voto, com esse aumento considerável da taxa de eleitores que pretendem votar em branco ou que rejeitam os partidos políticos. Isso, sim, pode ter uma influência na eleição deste ano e se resume na taxa de 74% do eleitorado que quer algum tipo de mudança.
Mudanças não só de nomes, mas de atitude, na forma de fazer política?
De atitude, de comportamento, de forma de governar. Esse desejo de mudança não é necessariamente o desejo de mudança da pessoa que está no governo. Mas, certamente, tanto o governo quanto a oposição precisam dizer o que vão fazer para mudar. Estou levando isso em consideração porque os três principais candidatos colocaram nos seus slogans a palavra mudança.
Agora, o desafio é como convencer o eleitor de que cada um ali é capaz de fazer essa mudança, né?
É isso que vai definir a eleição. Como cada campanha vai conseguir se comunicar com esse eleitor que está muito desconfiado dos políticos. Um discurso que seja mais factível, que tenha poder de convencimento maior e que mostre que, de fato, pode mudar alguma coisa.
Nesse caso, a presidenta Dilma leva desvantagem por ter a imagem de quem está no poder?
Sim. As pesquisas têm demonstrado que há um potencial de crescimento de intenção de voto maior para os candidatos de oposição, para Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) e menor para Dilma Rousseff. Agora, por outro lado, a Dilma tem um tempo de TV e um poder de uso, inclusive da máquina de comunicação, de exposição, muito maior que a oposição. É esse embate que vai ser interessante de se acompanhar agora. Existe esse desejo de mudança em potencial de crescimento maior para os candidatos de oposição, mas contra uma candidatura muito forte do governo, que tem uma taxa de intenção de voto hoje maior do que a dos candidatos de oposição.
A aprovação ao governo Dilma é inferior à de Fernando Henrique Cardoso e Lula nos anos que eles se elegeram. Até que ponto isso ameaça a reeleição de Dilma?
Se a gente comparar com Fernando Henrique quando se reelegeu e, principalmente, com o Lula quando se reelegeu, ela tem uma taxa bastante baixa de popularidade. Essa é realmente uma dificuldade da campanha. Durante a campanha na TV, ela vai precisar aumentar essa taxa de aprovação.
Com os 32% de aprovação apontados pelo Datafolha, a presidenta está no limite?
Alguns pesquisadores dizem que alguém com menos de 34% não conseguiria se reeleger. Mas a comprovação disso em eleições presidenciais ainda não é possível de ser feita, porque foram apenas duas reeleições até agora. Então isso não é conclusivo. Pode ser que Dilma consiga se reeleger com essa taxa de aprovação que tem hoje, mas me parece que não seria seguro dizer que ela conseguiria. Para ter segurança mesmo de que pode vencer no primeiro turno, ela teria de chegar aí num patamar próximo de uns 40% de aprovação.
É algo que ela pode recuperar com maior exposição no rádio e na TV durante o horário eleitoral?
Ela terá um tempo disponível na TV para mostrar os feitos do governo e o que ela fez. Isso pode fazer com que a aprovação dela cresça e a intenção de voto também. Desde a eleição passada, a campanha se dá muito mais pela TV. Em anos anteriores a campanha na rua serviu muito mais para se obter imagem para usar na TV. Não é uma estratégia só da Dilma, mas também dos outros candidatos, tanto que as coligações são feitas para obter este tempo à disposição. No caso da Dilma, como a rejeição ao governo dela é muito maior nos grandes centros, nos locais onde os grandes comícios poderiam ser feitos, mas aí há uma rejeição maior e o risco de um fracasso de um comício para o governo nesses grandes centros é maior também.
É maior o percentual das pessoas que ainda não definiram candidato nos grandes centros?
É maior nos grandes centros do que em cidades pequenas e médias do interior. Na verdade, uma boa estratégia para o governo seria tentar obter mais votos nos locais onde há uma aceitação maior – ou seja, nas cidades com menos de 200 mil habitantes – e tentar manter o que já tem nas cidades grandes. E, para os adversários, a estratégica seria inversa: tentar conseguir crescer mais votos nesses grandes centros, junto à classe média urbana tradicional, que é quem tem mais propensão a votar na oposição hoje.
Que peso o Nordeste, de Eduardo Campos e onde Lula tem popularidade maior que no restante do Brasil, terá nesta eleição?
O Nordeste tem uma luta particular entre Dilma e Eduardo Campos. Ele deve concentrar bastante sua campanha no Nordeste, onde é mais conhecido e tem mais chance de conseguir angariar votos. Por outro lado, Dilma tem o Lula como grande cabo eleitoral. Na região, o Lula tem um potencial de transferência de votos muito mais forte do que no Sul e no Sudeste. Será um embate muito interessante de se acompanhar.
O ex-presidente Fernando Henrique teve pouca aparição nas campanhas de José Serra e Geraldo Alckmin, as três últimas que o PSDB perdeu. Com Aécio, ele tem aparecido mais. Que efeito a maior presença dele provoca?
Acho que esse é um risco da campanha do Aécio. A rejeição ao governo Fernando Henrique é muito alta. A lembrança que as pessoas têm do governo Fernando Henrique é negativa. Certamente a campanha do governo vai trazer isso à tona. Tenho dúvida se uma exposição maior de Fernando Henrique na campanha do Aécio ajuda a campanha. Tenho a impressão que não favorece em nada.
Isso traz à tona a comparação, na área social, entre os dois governos?
Certamente a campanha do governo vai trazer o comparativo entre o que foi feito na área social, a diminuição das diferenças e a melhora na distribuição de renda e vai lembrar a má avaliação que o governo Fernando Henrique tinha, principalmente no seu segundo mandato. Por outro lado, a campanha do Aécio Neves pode explorar toda essa rejeição crescente ao governo Dilma neste momento. Enquanto Eduardo Campos pode correr por fora, porque não tem que defender o governo passado e seria uma alternativa de oposição à Dilma sem ferir o governo Lula. Esta é a estratégia do Eduardo Campos, que tem um tempo de TV muito pequeno em relação a Aécio e Dilma para conseguir ao mesmo tempo se tornar conhecido e passar essa mensagem.
Como vice, Marina Silva ainda não agregou o que ele imaginava, na sua opinião?
O eleitor de Marina Silva, em sua maioria, ainda não migrou para Eduardo Campos. Vejo aí dois problemas. Um é de falta de conhecimento mesmo, uma grande parte do eleitorado ainda não conhece Eduardo Campos, não sabe que ele é o candidato da Marina. Ele precisa convencer esses eleitores de que há uma sintonia entre ele e a Marina Silva, coisa que também ficou um pouco confuso, pelo menos neste início de campanha. Acho que o eleitor de Marina Silva está ainda um pouco desinformado e confuso com relação à candidatura do Eduardo Campos.
Tanto o Datafolha quanto o Instituto Sensus já apontam um cenário de empate técnico em um eventual segundo turno. Para Dilma, é fundamental vencer no primeiro turno?
Acho que tem que ser uma estratégia do governo nessa campanha tentar encerrar a eleição já no primeiro turno, porque as pesquisas estão mostrando que o segundo turno deve ser uma disputa bastante acirrada. Ainda há um caminho longo a ser percorrido nessa campanha, porque os eleitores estão procurando uma alternativa, mas ainda não enxergam na oposição essa alternativa. Mas quando colocados diante de apenas duas alternativas, que é o cenário do segundo turno, uma boa parte dos que votam em branco ou nulo ou se mostram indecisos acaba migrando para candidaturas antigovernistas. Neste momento a gente observa no cenário do segundo turno uma escolha pró-governo e antigoverno. Mas é a campanha mesmo que deve consolidar ou não esse cenário que se está observando hoje, o segundo turno.
É como se o segundo turno fosse uma outra campanha, um jogo de mata-mata?
Sim. É um mata-mata, mais ainda muito nebuloso para o eleitor, porque as candidaturas não se apresentaram ainda e são desconhecidas. Quer dizer, o que isso mostra é que há uma tendência em se votar mais na oposição. Mas isso não se concretizou ainda. É o discurso na TV e como as campanhas vão se apresentar que vai definir se essa tendência vai se concretizar ou não.
Mas isso não se concretizou ainda por falhas na comunicação dessa oposição ou por não se demonstrar confiável ainda para o eleitor?
Por desconhecimento mesmo. Acho que o eleitor ainda não está totalmente ligado na eleição, conhece muito bem os candidatos da situação, mas não conhece bem ainda os candidatos de oposição. Está aguardando e esperando a campanha para se definir, mas há uma tendência hoje de uma eleição com uma taxa de votos brancos e nulos maior do que em anos anteriores. É a expressão dessa rejeição aos políticos.
Este ano, pela primeira vez na disputa presidencial desde 1989, não há um candidato forte com história política em São Paulo. O que isso pode ter de impacto nesta eleição?
Isso não tem peso muito grande na definição do eleitor paulista, que é hoje um dos que mais rejeitam tanto o governo quanto essa política tradicional. É um eleitor que está em busca de alternativas. Em São Paulo, um terço dos eleitores mesmo quando apresentados aos nomes, na pesquisa estimulada, ainda não se define por um candidato. É um eleitor que, independentemente de o candidato ser paulista ou não, está esperando na verdade um novo discurso, uma nova forma de chegar à política.
Mas esse cansaço do eleitor paulista com os políticos tradicionais também se estende aos 20 anos de governo do PSDB no estado? O eleitor paulista também se cansou dos tucanos no comando de São Paulo?
Olha, não é isso que nossa última pesquisa mostrou. O candidato Alckmin aparece com 56% de intenções de voto, vencendo com folga no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Mas aí também existe o mesmo efeito que existe na eleição presidencial. São candidatos de situação bastante conhecidos pela população e de oposição, especialmente o Paulo Skaf (PMDB) e o Alexandre Padilha (PT), muito pouco conhecidos. E a eleição para governador fica em segundo plano em relação à presidencial. O eleitor passa a pensar mesmo na eleição para governado a partir do inicio do horário eleitoral gratuito. Muitos ficam sabendo apenas nesse momento que também há eleição para o governo. É também uma situação muito indefinida que pode mudar durante a campanha. Mas neste momento o Alckmin aparece com uma preferência bastante folgada.
Esta é a eleição mais imprevisível de todas que o senhor já acompanhou para o Datafolha?
Para presidente da República, sim. Hoje a gente tem um eleitor mais informado, um eleitor que vem há muitos anos – a cada dois anos – indo às urnas para votar. E, a partir do momento em que vota, passa a acompanhar também o desempenho dos governantes e isso tem feito com que a cultura política do brasileiro venha se desenvolvendo.
A internet também favorece esse debate…
Essa diversidade maior hoje de veículos de informação, de meios de informação, faz com que o debate surja mesmo entre aqueles que não têm grande interesse por política. É um eleitor que observou muito atentamente as manifestações ocorridas no ano passado e que formou opinião majoritariamente de contestação à política, de exigências de melhores serviços públicos, especialmente na área de saúde, e que está muito preocupado com o futuro da economia do país. Então não é um eleitor desinformado e desinteressado. É um eleitor muito seletivo em relação ao voto e que vai definir de uma vez por todas o voto muito ali próximo da eleição. Vai esperar e observar a campanha, os debates, as entrevistas, os resultados das pesquisas. E, a partir daí, vai decidir o seu voto.
Os eleitores vão deixar para decidir o voto mais em cima da eleição?
Isso a cada eleição é uma característica que se torna mais intensa. Há uma parcela maior de eleitores que, a cada eleição, se define mais ali no final da campanha, espera o último debate, os últimos resultados das pesquisas, as últimas informações, para aí sim definir o seu voto. Resumindo, os políticos vão ter mais trabalho, vão ter de se esforçar mais para convencer o eleitor nesta eleição.
Mais sobre pesquisas eleitorais
Assine a Revista Congresso em Foco em versão digital ou impressa