Depois de uma campanha eleitoral em que chegou a afirmar que o Brasil vivia uma “crise ética” e uma “putrefação moral” já que um presidente “sabidamente conivente com um dos piores escândalos de corrupção” era o favorito nas pesquisas, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) declarou, na última terça-feira (13), que apoiará o governo neste segundo mandato do presidente Lula.
A mudança radical de posição foi anunciada depois de uma audiência com Lula, na companhia de outros dirigentes do PDT. Os pedetistas saíram do encontro como aliados do governo e com a promessa de uma vaga no primeiro escalão.
O senador, em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou que, apesar de integrar agora a base aliada, não abdicará de um “apoio crítico” ao governo.
“Fui contra a participação no governo. Achava que o PDT devia ficar independente. Sem aquela oposição ferrenha que fazem o PFL e o PSDB, mas fazendo oposição. Independente, sem participar de bloco oposicionista, numa linha de completa autonomia. (…) O partido resolveu apoiar. Eu me curvei. Tinha dois caminhos. Ou aceitava isso ou deixava o PDT. Fui escolhido líder da bancada, mas não abdicarei. Vou dar apoio crítico. Sempre que entender que o governo merece críticas, as farei”, ressaltou.
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Ao ser questionado se a mudança de postura da legenda foi súbita, o parlamentar respondeu que “nem tanto”. “Sempre concordei com muitas coisas do governo Lula e disse isso várias vezes da tribuna. Por exemplo, a política econômica. Disse ao presidente que ele foi muito responsável, não seguiu economistas de seu partido e entendeu que a condução da política monetária teria de ficar a cargo do Banco Central. (…) Disse ainda: Presidente, sou professor de economia, trabalhei 25 anos na Federal do Amazonas, e digo sem nenhum desejo de agradar, mas lhe digo que em 60 anos de história econômica do Brasil nós nunca vivemos uma situação econômica tão confortável”, comentou.
Quanto ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Jefferson Péres disse que vai apoiar, mas que ainda faltam duas coisas à iniciativa: “a consolidação do marco regulatório, que muita gente do PT ainda não entendeu que atrairia uma montanha de investimentos para a infra-estrutura” e “uma sinalização forte para os agentes econômicos de que iria conter a expansão dos gastos correntes”.
Por fim, o senador declarou que, se for votado algum projeto do governo que ele seja contra, liberará o partido para votar e votaria contra ou não votaria, “mas não voto a favor”.
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