A greve geral convocada para esta sexta-feira (28) teve grande adesão entre os trabalhadores de transportes das principais cidades brasileiras. A paralisação afetou significativamente a mobilidade em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba e em quase todas as grandes cidades do país.
Em Brasília, a paralisação dos ônibus e do metrô foi de 100%. Como em outras cidades, houve vários bloqueios de vias públicas, com queima de pneus, mas o trânsito foi liberado após a ação da polícia. O acesso à Esplanada dos Ministérios e à Praça dos Três Poderes, onde ficam as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, está fechado. No Rio de Janeiro, em razão do bloqueio temporário da ponte Rio/Niterói, o trânsito de veículos já habitualmente caótico ficou ainda mais complicado.
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Não existem números disponíveis sobre o total de trabalhadores em greve, mas lideranças sindicais festejam o sucesso do movimento e não têm dúvidas de que milhões de pessoas deixaram de trabalhar hoje no Brasil. Em diversos estados, estabelecimentos de ensino tomaram a iniciativa de suspender as aulas, em alguns casos sob a justificativa de evitar transtornos.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, essa é a maior greve trabalhista já realizada no país. Ele comparou a greve ao movimento de 1989, quando 35 milhões de trabalhadores pararam os trabalhos para protestar. “Ainda não há estimativa, mas a central vai ultrapassar esse número”, disse Freitas.
Contra as reformas
O movimento de hoje, contrário à reforma da previdência e à mudança das leis trabalhistas, é convocado pelas centrais sindicais, com apoio da Igreja Católica e da Aliança Evangélica, que é composta – entre outras – pela Igreja Luterana do Brasil e pela Igreja Metodista.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota “convocando os cristãos e as pessoas de boa vontade a se mobilizarem ao redor da atual reforma da previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados”. Em entrevista à Rádio Vaticano, o secretário-geral da entidade, Dom Leonardo Steiner, disse que é “fundamental que se escute a população em suas manifestações coletivas”.
“O Congresso Nacional e o Poder Executivo, infelizmente, têm se mostrado pouco sensível ao que a sociedade tem manifestado em relação às reformas. Os brasileiros e brasileiras desejam o bem do Brasil e para construir uma nação justa e fraterna querem participar das discussões e encaminhamentos”, acrescentou ele.
Violência
Dezenas de categorias profissionais aderiram oficialmente à paralisação. Entre as mais numerosas delas, os professores e trabalhadores de ensino em geral, bancários, vigilantes, servidores públicos, trabalhadores da limpeza urbana e dos correios. As centrais sindicais falharam na tentativa de obter o apoio dos setores aeroviário (trabalho em ar) e aeroportuário (trabalho em terra). Voos e aeroportos funcionam regularmente hoje.
No aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, manifestantes e pessoas contrárias à paralisação entraram em conflito. Veja o vídeo:
Igrejas e as principais centrais sindicais, de um lado, e o governo, do outro, temem que a manifestação de hoje produza cenas de violência pelo país afora. Por isso mesmo, em várias cidades, a orientação das lideranças do movimento foi evitar grandes aglomerações. As redes sociais sugerem uma forte movimentação dos black blocs, mas até as 11h desta sexta-feira os episódios violentos foram poucos e isolados.
Embora tenham ocorrido e ainda estejam ocorrendo manifestações em várias partes do Brasil, elas não são muitas e nenhuma delas reuniu multidões.
Feriadão
Algumas entidades que se organizaram em favor do impeachment de Dilma, como o Movimento Brasil Livre (MBL), fazem campanha nas mídas sociais contra a greve geral. Prefeituras do PSDB, como as de São Paulo e Porto Alegre, fizeram acordos com empresas de aplicativos tipo Uber e Cab Fi para que elas providenciassem o transporte de servidores municipais gratuitamente ou a baixo custo.
Prefeituras comandadas pelo PT, pelo PCdoB e outros partidos de esquerda agiram em sentido contrário, facilitando a adesão ao movimento e até mesmo decretando ponto facultativo. Igual providência adotaram diversos tribunais regionais do trabalho (TRTs).
A data escolhida para a greve geral certamente oferece um combustível a mais para a greve geral. Com a proximidade do Dia do Trabalho, comemorado na segunda-feira, a paralisação desta sexta-feira se tornou um atraente convite para esticar o feriadão.
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